Domingo, Novembro 02, 2025
NOTÍCIA

Líder conservador francês sugere renúncia de Macron

Paris, 29 out (Prensa Latina) O líder do partido conservador Os Republicanos (LR) e ministro do Interior até muito recentemente, Bruno Retailleau, sugeriu hoje que o presidente francês, Emmanuel Macron, deveria renunciar, proposta que ele matizou.

“O general Charles de Gaulle fez isso”, comentou à rede RTL o político afastado do segundo governo do primeiro-ministro, Sébastien Lecornu, após fazer parte do que caiu em 6 de outubro.

Embora Retailleau tenha suavizado suas declarações ao afirmar que ele pessoalmente não pedirá a renúncia de Macron, porque isso “enfraqueceria a função presidencial”, suas palavras tiveram ampla repercussão na mídia.

O ex-ministro do Interior não só se distanciou do gabinete de Lecornu, renomeado para o cargo pelo chefe de Estado quatro dias após sua renúncia, como também exigiu que seus correligionários não aceitassem cargos no novo governo, indicação ignorada por seis deles.

De Gaulle renunciou em 1969 após sua derrota em um referendo, e a simples menção a esse fato e à relevância do político na história da França no século XX são suficientes para que a mensagem seja interpretada como uma sugestão, no mínimo.

Retailleau considerou inevitável o retorno às urnas em solo gaulês, em um cenário de crise política que viu quatro primeiros-ministros desde dezembro passado: o conservador Michel Barnier, derrubado por uma moção de censura, o centrista François Bayrou, a quem a Assembleia Nacional negou confiança em 8 de setembro, e Lecornu por duas vezes.

Nesse sentido, a principal figura da LR evocou três possibilidades para as eleições antecipadas: a renúncia de Macron, a dissolução da Assembleia e a via do referendo.

Há várias semanas, Édouard Philippe, ex-primeiro-ministro e aliado de Macron, surpreendeu ao considerar que o presidente da República deveria renunciar.

O fato de figuras políticas da direita, que fizeram parte do governo ou são próximas ao chefe de Estado, pedirem ou sugerirem sua saída do Eliseu não deixa de chamar a atenção.

Da esquerda, La France Insoumise responsabiliza Macron pelo “caos” reinante e exige sua renúncia como única saída.

Por sua vez, o partido de extrema direita Agrupamento Nacional e seus líderes Marine Le Pen e Jordan Bardella reivindicam a dissolução da Assembleia e a realização de eleições legislativas antecipadas.

Quanto ao dignitário francês no poder desde 2017, ele descarta deixar o cargo antes do término de seu segundo mandato constitucional, em 2027.

mem/wmr/bm

RELACIONADAS

Edicão Portuguesa