“Todos os limites do Estado de Direito foram violados”, argumentou em entrevista ao Le Journal du Dimanche, três dias após a decisão do Tribunal Penal de Paris, que manteve a pena de cinco anos de prisão, dos sete solicitados pelo Ministério Público.
O tribunal rejeitou as acusações de desvio de verbas públicas e corrupção passiva contra o ex-chefe de Estado, mas manteve a acusação de associação criminosa na chamada conspiração líbia, na qual o ex-líder do país do norte da África, Muammar Kadafi, assassinado em 2011, teria contribuído com dinheiro para a campanha eleitoral de 2007, após a qual venceu o Palácio do Eliseu.
Sarkozy acreditava que a decisão e a subsequente intimação para determinar os termos de sua prisão tinham a intenção de humilhá-lo.
“Se eu tiver que dormir na prisão, dormirei, mas nunca admitirei algo que não fiz”, enfatizou o político de direita de 70 anos.
A Procuradoria Nacional Financeira convocou o ex-presidente para 13 de outubro, quando os detalhes de sua prisão serão determinados, em uma atitude sem precedentes para um chefe de Estado durante a Quinta República.
Apesar das alegações de inocência de Sarkozy, os acusadores declararam durante o julgamento de março que não tinham dúvidas sobre seu envolvimento no esquema de corrupção e denunciaram os danos causados ao país. Por isso, solicitaram sete anos de prisão, uma multa elevada e cinco anos de proibição política.
Em suas declarações ao Le Journal du Dimanche, Sarkozy afirmou que não queria o perdão presidencial, pois para isso teria que admitir sua culpa.
Na véspera, diversos setores da sociedade francesa condenaram as ameaças contra juízes que participaram do julgamento.
O Ministro da Justiça demissionário, Gérald Darmanin, condenou “sem reservas” as mensagens ameaçadoras nas redes sociais, o que levou o Ministério Público de Paris a abrir investigações.
Por sua vez, o chefe do Tribunal de Apelações de Paris, Jacques Boulard, solenemente solicitou uma declaração de respeito à instituição judicial e denunciou qualquer questionamento de suas decisões.
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