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NOTÍCIA

Panamá entre estado de emergência e novos protestos

Cidade do Panamá, 21 de junho (Prensa Latina) A declaração de estado de emergência na província de Bocas del Toro e novos protestos contra a lei de seguros marcaram a semana que termina hoje no Panamá.

Segundo o Ministro da Presidência, Juan Carlos Orillac, a medida de cinco dias se deve ao fato de que no território noroeste, na fronteira com a Costa Rica, a situação saiu do controle e grupos criminosos vandalizaram repartições públicas, algo alheio aos protestos.

De acordo com a Constituição, esse tipo de suspensão das garantias constitucionais está previsto no artigo 55 da Carta Magna, em casos de guerra, calamidade pública ou grave perturbação da ordem pública.

A medida implica que o exercício de certos direitos no território afetado pode ser temporariamente limitado, como restrições à liberdade de movimento, aumento da presença e atuação das forças de segurança, controles de entrada e saída de pessoas e, eventualmente, prisões sem mandado judicial, sob certos parâmetros legais.

Nesse sentido, profissionais do direito discordaram da ação do Executivo para resolver a crise social na costa norte do Caribe panamenho.

O professor universitário Alfonso Illueca se opôs ao decreto que declara o estado de emergência e destacou que ele viola as disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, uma vez que o habeas corpus não pode ser suspenso.

Por sua vez, Yamireliz Chong, representante da coalizão independente Vamos, pediu diálogo e paz social à Assembleia Nacional (parlamento).

“Sempre apoiei o diálogo para resolver as tensões que o país atravessa; no entanto, os atos de violência e vandalismo ocorridos em Bocas del Toro não devem ser tolerados”, afirmou.

O clima turbulento em Bocas del Toro foi acompanhado por uma marcha popular que partiu do Parque Urracá, no centro da capital, até as proximidades da Assembleia Legislativa para exigir a revogação da controversa lei previdenciária.

Durante a marcha, Maribel Gordón, ex-candidata presidencial independente nas eleições gerais de maio de 2024, disse à Prensa Latina que o povo tem o direito de exigir pensões dignas para seus aposentados.

Ela também indicou que os manifestantes rejeitam um memorando assinado com os Estados Unidos que viola a soberania nacional e as tentativas do governo de reabrir a mina de cobre Donoso (Colón), apesar de uma decisão da Suprema Corte de novembro de 2023 que ordenou o fechamento das operações.

Ela também denunciou as consultas simuladas com os moradores de Río Indio sobre a proposta de reservatório para facilitar as operações do Canal, o que envolveria a expulsão de pessoas de suas comunidades indígenas.

A economista também condenou as prisões arbitrárias, a perseguição de dirigentes sindicais, os ferimentos e assassinatos de colegas e os processos judiciais ilegais, como parte de uma política governamental que rejeita o diálogo. Ela instou o governo a ouvir o povo, o soberano, conforme estabelecido pela Constituição.

Por sua vez, Jorge Guzmán, coordenador da Frente Nacional de Defesa dos Direitos Econômicos e Sociais, expressou sua solidariedade à população de Bocas del Toro, que resiste à investida de um executivo que usa a força, mas será derrotada pelo povo.

Enquanto isso, os sindicatos de professores anunciaram que continuarão a greve por tempo indeterminado iniciada em 23 de abril, pois a regulamentação das pensões continua em vigor.

A declaração foi feita após uma reunião entre a Igreja Católica, professores e um grupo de representantes empresariais.

A esse respeito, Fernando Ábrego, líder da Associação de Professores, indicou que a conduta polarizada do governo levará o país a uma crise profunda.

O diálogo é o caminho a seguir, e já expressamos isso, comentou, mas a única posição que o governo de José Raúl Mulino manteve foi a recusa em revisar a Lei 462 do Fundo de Seguridade Social.

Além disso, enfatizou que essa luta não é apenas do setor docente, mas também conta com o apoio de pais, alunos e movimentos sociais.

mem/ga/glmv

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