Um comunicado do Ministério das Relações Exteriores da África do Sul lembra que testemunhas oculares e profissionais de saúde atestam que as forças israelenses abriram fogo contra multidões de civis desesperados que buscavam acesso a ajuda humanitária em Rafah.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, muitas vítimas foram baleadas na cabeça e no peito, acrescenta o comunicado.
Esta atrocidade é um lembrete gritante das condições catastróficas e terríveis do bombardeio e cerco em Gaza, onde o acesso a alimentos e ajuda essencial continua perigoso e se tornou uma questão de vida ou morte, acrescenta o Ministério das Relações Exteriores.
Consequentemente, a África do Sul se junta ao apelo global por uma investigação internacional imediata e imparcial e reitera que Israel, como potência ocupante, tem a responsabilidade legal, de acordo com o Direito Internacional Humanitário, de proteger civis e garantir acesso seguro à ajuda.
Os ataques, assassinatos e ferimentos de civis vulneráveis constituem uma grave violação das Convenções de Genebra e são incompatíveis com os princípios do Direito Internacional Humanitário, exigindo, portanto, um escrutínio urgente, continua o Ministério no documento.
Além disso, a ação mais recente de Israel contradiz fundamentalmente os princípios fundamentais do Direito Internacional Humanitário, particularmente as Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais, que exigem que as operações de ajuda humanitária respeitem os princípios de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência, afirma a África do Sul. No texto, o Ministério reitera suas críticas à marginalização deliberada por Israel de agências de ajuda estabelecidas, particularmente a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), que tem sido a principal agência responsável pelas necessidades humanitárias dos refugiados palestinos por mais de 75 anos.
Desacreditar ou desmantelar as operações da UNRWA, substituindo-as por alternativas politizadas e militarizadas, consolida ainda mais um sistema de punição coletiva e agrava a catástrofe humanitária em Gaza, acrescentou Pretória.
Na declaração, o Ministério das Relações Exteriores lembra como a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (CIF), “a fonte mais confiável do mundo sobre insegurança alimentar”, alertou para um risco iminente de fome, afirmando que um em cada cinco habitantes de Gaza provavelmente enfrentará a fome nas próximas semanas. As declarações acima, afirma o Ministério, revelam uma estratégia para usar a fome como arma de guerra, prática expressamente proibida pelo Direito Internacional Humanitário, incluindo o Artigo 54 do Protocolo I das Convenções de Genebra. Em nenhuma circunstância uma potência ocupante poderá usar um cerco ou bloqueio para punir coletivamente a população civil, nem negar ajuda humanitária a pessoas protegidas, enfatiza o Ministério.
A África do Sul também lembra que a Corte Internacional de Justiça (CIJ), em seu caso em andamento sobre a Aplicação da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio contra Israel, emitiu três rodadas de medidas provisórias vinculativas com o objetivo de impedir danos irreparáveis à população palestina.
Por fim, a África do Sul insta todos os Estados, instituições e a sociedade civil em todo o mundo a exigirem acesso humanitário imediato, incondicional e sustentado a Gaza; a fortalecerem o mandato e o financiamento da UNRWA e de outras organizações humanitárias neutras; e a responsabilizarem Israel por suas violações do direito internacional, inclusive por meio da CIJ e do CPI. mem/mv/ls