Em Trípoli, Líbano, intelectualizam protestos antigovernamentais
Em Trípoli, Líbano, intelectualizam protestos antigovernamentais
Em Trípoli, Líbano, intelectualizam protestos antigovernamentais
Todos exigem mais ou menos o mesmo: eleições antecipadas, resolução da pobreza, mudanças constitucionais e o fim da corrupção, mas sua intenção é sintetizar a ira popular.
Todas as noites, Sarah al-Ghur, de 32 anos de idade, se reúne com outros residentes em uma espécie de círculo de estudo para analisar o tema.
'Prefiro participar das discussões do que aplaudir ou gritar palavras de ordem', disse.
Depois de anos de desilusão e apatia, com a economia em queda livre e dificuldades de todo tipo, dentro da desobediência civil, os libaneses começam a intelectualizar os problemas nacionais.
Ghur caminha entre as barracas de debate e se detém em frente a uma, na qual discutem uma folha de rota para o que eles chamam de revolução.
Homens e mulheres de qualquer idade, fé ou afiliação, sentam-se no chão, se acomodam em bancos e escutam palestrantes.
'Conheci leis que ignorava', aponta, e agrega que agora é mais consciente de seus direitos e deveres.
Um dos expositores explica que o levantamento popular deve evoluir para diálogo político, um dos primeiros passos, eleições, diz, e depois revisar a estrutura confessional do Estado.
Esses moradores de Trípoli, com frequência universitários, ativistas e intelectuais, tentam reconstruir o país através da unificação das reivindicações dos protestos.
Falam de um governo longe do sectarismo, em um país que vive sob o legado de uma guerra civil (1975-1990) que estabeleceu um equilíbrio de poder entre 18 comunidades religiosas.
Discutem sobre a pobreza, com um terço da população nesse status e com o Banco Mundial alertando que a proporção poderia chegar em breve à metade.
Mas também debatem a independência entre aspas do poder judicial, a corrupção, o saque dos fundos públicos e até de um planejamento urbano desordenado que emergiu, segundo rumores, de obras pagas com dinheiro lavado.
A metade dos moradores vive no limite da pobreza ou abaixo dela, daí que se, em outras cidades há evidências de fadiga, em Trípoli as manifestações se mantêm com a mesma energia do começo, em 17 de outubro.
O professor de filosofia Hala Amoun comenta que antes dos protestos, a maioria dos libaneses perdeu confiança nos políticos que em três décadas não resolveram os intermináveis cortes de energia, a desigualdade, o desemprego e a corrupção oficial.
Na opinião de Amoun, a situação atual tornou as pessoas mais conscientes e sair à rua para protestar não é suficiente; precisam entender, saber mais.
Outra das pessoas presentes espontaneamente ao debate considera que os libaneses têm fome de conhecimento, de examinar sua realidade econômica, social e política, a fim de compreender como seu líder político ou sectário controla sua vida.
Já o médico Nadim Shakes, que chama às tardes de debate conferências de sensibilização, considera que o objetivo consiste em pensar no futuro, prever o que acarretará a corrente de levantamentos contra a classe dirigente.
tgj/arc/jp
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Em Trípoli, Líbano, intelectualizam protestos antigovernamentais
4 de diciembre de 2019, 12:14Por Armando Reyes Calderín
Beirute, 4 dez (Prensa Latina) Em consonância com os protestos antigovernamentais em Trípoli, 80 quilômetros ao norte desta capital, os moradores participam de debates cada vez mais numerosos tentando procurar soluções intelectualizadas à deteriorada situação nacional.
Todos exigem mais ou menos o mesmo: eleições antecipadas, resolução da pobreza, mudanças constitucionais e o fim da corrupção, mas sua intenção é sintetizar a ira popular.
Todas as noites, Sarah al-Ghur, de 32 anos de idade, se reúne com outros residentes em uma espécie de círculo de estudo para analisar o tema.
'Prefiro participar das discussões do que aplaudir ou gritar palavras de ordem', disse.
Depois de anos de desilusão e apatia, com a economia em queda livre e dificuldades de todo tipo, dentro da desobediência civil, os libaneses começam a intelectualizar os problemas nacionais.
Ghur caminha entre as barracas de debate e se detém em frente a uma, na qual discutem uma folha de rota para o que eles chamam de revolução.
Homens e mulheres de qualquer idade, fé ou afiliação, sentam-se no chão, se acomodam em bancos e escutam palestrantes.
'Conheci leis que ignorava', aponta, e agrega que agora é mais consciente de seus direitos e deveres.
Um dos expositores explica que o levantamento popular deve evoluir para diálogo político, um dos primeiros passos, eleições, diz, e depois revisar a estrutura confessional do Estado.
Esses moradores de Trípoli, com frequência universitários, ativistas e intelectuais, tentam reconstruir o país através da unificação das reivindicações dos protestos.
Falam de um governo longe do sectarismo, em um país que vive sob o legado de uma guerra civil (1975-1990) que estabeleceu um equilíbrio de poder entre 18 comunidades religiosas.
Discutem sobre a pobreza, com um terço da população nesse status e com o Banco Mundial alertando que a proporção poderia chegar em breve à metade.
Mas também debatem a independência entre aspas do poder judicial, a corrupção, o saque dos fundos públicos e até de um planejamento urbano desordenado que emergiu, segundo rumores, de obras pagas com dinheiro lavado.
A metade dos moradores vive no limite da pobreza ou abaixo dela, daí que se, em outras cidades há evidências de fadiga, em Trípoli as manifestações se mantêm com a mesma energia do começo, em 17 de outubro.
O professor de filosofia Hala Amoun comenta que antes dos protestos, a maioria dos libaneses perdeu confiança nos políticos que em três décadas não resolveram os intermináveis cortes de energia, a desigualdade, o desemprego e a corrupção oficial.
Na opinião de Amoun, a situação atual tornou as pessoas mais conscientes e sair à rua para protestar não é suficiente; precisam entender, saber mais.
Outra das pessoas presentes espontaneamente ao debate considera que os libaneses têm fome de conhecimento, de examinar sua realidade econômica, social e política, a fim de compreender como seu líder político ou sectário controla sua vida.
Já o médico Nadim Shakes, que chama às tardes de debate conferências de sensibilização, considera que o objetivo consiste em pensar no futuro, prever o que acarretará a corrente de levantamentos contra a classe dirigente.
tgj/arc/jp
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