A espada de Dâmocles pende sobre a vice-presidenta do Equador
A espada de Dâmocles pende sobre a vice-presidenta do Equador
A espada de Dâmocles pende sobre a vice-presidenta do Equador

Na última segunda-feira, tinha solicitado uma licença sem remuneração até 31 de dezembro deste ano para preparar sua defesa depois de ser acusada de corrupção; nesse mesmo dia, o chefe de Estado decidiu afastá-la de suas funções. Horas depois, foi divulgado seu pedido de renúncia.
Curiosamente, a segunda em comando no país sul-americano enfrenta uma situação similar à que enfrentou em outubro de 2017 Jorge Glas, seu antecessor eleito democraticamente nas eleições gerais.
Glas foi vinculado ao caso de corrupção da empresa brasileira Odebrecht pelo suposto crime de associação ilícita, solicitou uma permissão e pouco depois foi aplicada medida cautelar de prisão preventiva.
Depois foi substituído por Vicuña, sendo ainda o vice-presidente constitucional do Equador, em circunstâncias que muitos chamaram de ilegais e até agora, apesar de seus advogados defenderem sua inocência, permanecer preso, depois de uma condenação proferida em dezembro de 2017 e no meio de um processo com um recurso de cassação pendente.
Hoje, a realidade de sua sucessora parece sombria, pois tem contra ela a direita, que se opõem ao governo, e até seus correligionários da Aliança PAIS a deixaram sozinha.
Todas as partes recorrem ao lema da 'luta contra a corrupção, venha de onde venha', e no meio dessa situação, ela deve demonstrar que não aceitou dinheiro alheio para seu benefício próprio, o que não parece fácil.
O advogado Ángel Polivio Sagbay, seu assessor quando era legisladora, afirmou em declaração juramentada perante notário que, entre junho de 2011 e maio de 2012, ele teve que depositar mensalmente 300 dólares na conta pessoal de Vicuña em um banco de Machala.
Acrescentou que a partir de 1 de junho de 2012, quando foi promovido dentro da mesma equipe de trabalho, as contribuições aumentaram a 1.400 dólares por mês.
Segundo declarou, o valor total depositado nas contas da então parlamentar passou de 20 mil dólares, supostamente como colaboração para a organização política Aliança Bolivariana Alfarista, que não está legalmente habilitada pelo Conselho Nacional Eleitoral.
Foi com esse mesmo argumento que Vicuña começou sua defesa, na qual argumenta que, como o grupo não tem um Registro Único de Contribuinte, alguns de seus membros aceitavam em suas contas as contribuições de outros filiados ou pessoas interessadas em apoiar esse movimento e à governamental Aliança PAIS.
Não obstante, a investigação está em curso e a ainda vice-presidenta poderia ser processada e condenada por corrupção.
O presidente já se desfez dela, dizendo que a liberou para que possa 'exercer, sem interferências de nenhum tipo, seu legítimo direito à defesa', bem como alguns de seus colegas de partido, quem apesar de emitir um comunicado de apoio sugeriram, desde que tudo começou, solicitar a licença não remunerada.
Por outra parte, a oposição recolhe assinaturas entre as diferentes bancadas parlamentares para solicitar um julgamento político, mecanismo pelo qual já passaram vários políticos nos 18 meses da nova administração.
Nesse sentido, argumentam que existem sim causais para um mecanismo desse tipo: tirar proveito do cargo que mantinha, para exigir dinheiro, que foi recebido em uma conta pessoal.
Com tantas pressões e um caminho que pode resultar espinhoso adiante, María Alejandra Vicuña decidiu sair de campo, algo imprevisível há poucos dias.
Parece déjá vu, uma situação já vivida pelos equatorianos, quando produto de um ataque midiático, exigiram o mesmo de Jorge Glas, a quem, pelo contrário, não encontraram um centavo desviado, nem puderam comprovar até o momento o crime do qual está sendo acusado, além de não ter renunciado ao cargo para o qual foi eleito pelo povo.
agp/scm/jp
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A espada de Dâmocles pende sobre a vice-presidenta do Equador
Quito, 5 dez (Prensa Latina) A espada de Dâmocles pende hoje sobre a vice-presidenta do Equador, María Alejandra Vicuña, quem apresentou sua renúncia, depois de ser liberada de suas funções, em meio a uma investigação por receber fundos indevidos.
Nos últimos dias, a vida da vice-presidenta, cujo pedido deve ser analisado pela Assembléia Nacional, deu uma revira-volta, depois de vir à tona uma denúncia interposta contra ela por cobrar valores de um ex-assessor, durante seu mandato como parlamentar entre os anos de 2011 e 2013.
Na última segunda-feira, tinha solicitado uma licença sem remuneração até 31 de dezembro deste ano para preparar sua defesa depois de ser acusada de corrupção; nesse mesmo dia, o chefe de Estado decidiu afastá-la de suas funções. Horas depois, foi divulgado seu pedido de renúncia.
Curiosamente, a segunda em comando no país sul-americano enfrenta uma situação similar à que enfrentou em outubro de 2017 Jorge Glas, seu antecessor eleito democraticamente nas eleições gerais.
Glas foi vinculado ao caso de corrupção da empresa brasileira Odebrecht pelo suposto crime de associação ilícita, solicitou uma permissão e pouco depois foi aplicada medida cautelar de prisão preventiva.
Depois foi substituído por Vicuña, sendo ainda o vice-presidente constitucional do Equador, em circunstâncias que muitos chamaram de ilegais e até agora, apesar de seus advogados defenderem sua inocência, permanecer preso, depois de uma condenação proferida em dezembro de 2017 e no meio de um processo com um recurso de cassação pendente.
Hoje, a realidade de sua sucessora parece sombria, pois tem contra ela a direita, que se opõem ao governo, e até seus correligionários da Aliança PAIS a deixaram sozinha.
Todas as partes recorrem ao lema da 'luta contra a corrupção, venha de onde venha', e no meio dessa situação, ela deve demonstrar que não aceitou dinheiro alheio para seu benefício próprio, o que não parece fácil.
O advogado Ángel Polivio Sagbay, seu assessor quando era legisladora, afirmou em declaração juramentada perante notário que, entre junho de 2011 e maio de 2012, ele teve que depositar mensalmente 300 dólares na conta pessoal de Vicuña em um banco de Machala.
Acrescentou que a partir de 1 de junho de 2012, quando foi promovido dentro da mesma equipe de trabalho, as contribuições aumentaram a 1.400 dólares por mês.
Segundo declarou, o valor total depositado nas contas da então parlamentar passou de 20 mil dólares, supostamente como colaboração para a organização política Aliança Bolivariana Alfarista, que não está legalmente habilitada pelo Conselho Nacional Eleitoral.
Foi com esse mesmo argumento que Vicuña começou sua defesa, na qual argumenta que, como o grupo não tem um Registro Único de Contribuinte, alguns de seus membros aceitavam em suas contas as contribuições de outros filiados ou pessoas interessadas em apoiar esse movimento e à governamental Aliança PAIS.
Não obstante, a investigação está em curso e a ainda vice-presidenta poderia ser processada e condenada por corrupção.
O presidente já se desfez dela, dizendo que a liberou para que possa 'exercer, sem interferências de nenhum tipo, seu legítimo direito à defesa', bem como alguns de seus colegas de partido, quem apesar de emitir um comunicado de apoio sugeriram, desde que tudo começou, solicitar a licença não remunerada.
Por outra parte, a oposição recolhe assinaturas entre as diferentes bancadas parlamentares para solicitar um julgamento político, mecanismo pelo qual já passaram vários políticos nos 18 meses da nova administração.
Nesse sentido, argumentam que existem sim causais para um mecanismo desse tipo: tirar proveito do cargo que mantinha, para exigir dinheiro, que foi recebido em uma conta pessoal.
Com tantas pressões e um caminho que pode resultar espinhoso adiante, María Alejandra Vicuña decidiu sair de campo, algo imprevisível há poucos dias.
Parece déjá vu, uma situação já vivida pelos equatorianos, quando produto de um ataque midiático, exigiram o mesmo de Jorge Glas, a quem, pelo contrário, não encontraram um centavo desviado, nem puderam comprovar até o momento o crime do qual está sendo acusado, além de não ter renunciado ao cargo para o qual foi eleito pelo povo.
agp/scm/jp
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