Terça-feira, Outubro 07, 2025
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Argentina: Desemprego na construção civil se agrava

Buenos Aires, 7 out (Prensa Latina) O desemprego na construção civil se agrava hoje na Argentina devido à paralisação das obras públicas provocada pelo corte no orçamento aplicado pelo governo, em particular nas províncias do nordeste: Misiones, Corrientes, Chaco e Formosa.

A Câmara Argentina da Construção (Camarco) e a Fundação Mediterrânea coincidiram em alertar para o agravamento da crise neste setor, com uma queda de 15,5% no emprego registrado a nível nacional desde novembro de 2023.

A Camarco destacou que, desde dezembro de 2023, foram perdidos 65.382 empregos formais, o que representa uma contração acumulada de 15,5%.

A paralisação prolongada das obras públicas, o não cumprimento dos pagamentos estatais e a retração do investimento privado se combinam para provocar essa perda de empregos evidente em todas as províncias, mas as do nordeste argentino são as mais afetadas, indicou a Câmara em um relatório divulgado pelo Ámbito Financiero.

A Câmara alertou que a morosidade nos pagamentos de certificados já executados, que em muitos casos ultrapassam os 90 dias, afeta diretamente a solvência de grandes, médias e pequenas empresas, sendo estas últimas as mais afetadas.

Mais de quatro mil PMEs construtoras estão em risco financeiro, sem acesso a linhas de crédito viáveis e com custos de financiamento privado impossíveis de arcar, expôs a Câmara da Construção.

Por províncias, as mais afetadas desde que o governo de Javier Milei paralisou o orçamento de obras públicas e os fundos para os governos provinciais são Santa Cruz, com uma queda de 67%, e La Rioja, com 66,7%.

Apenas Mendoza apresentou um ligeiro crescimento de 1,7 pontos percentuais, e a situação é grave no nordeste argentino, que nos últimos dois anos acumulou uma queda de 40,5%.

Por sua vez, a Fundação Mediterrânea informou que, de janeiro a maio de 2025, o setor da construção sofreu a perda de 5.113 postos de trabalho em Misiones (-46,2%); em Corrientes, 5.066 (-20,5%); em Chaco, 4.222 (-52,3%), e em Formosa a perda foi de 2.929 (56,3%).

Esse centro de análise atribuiu essa contração à suspensão dos investimentos em obras públicas por parte do governo e à ausência de financiamento de longo prazo para o setor privado.

Para Camarco e a Fundação Mediterráneo, é imperativo que se retome o investimento público em obras, se recomponha a cadeia de pagamentos, se reduza a carga tributária e se habilitem linhas de crédito, a fim de dinamizar a atividade e, assim, frear o desemprego e evitar um colapso de maiores proporções.

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