Sábado, Outubro 04, 2025
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Repressão, prisões e uma morte: esta foi a semana de greves no Equado

Quito, 4 out (Prensa Latina) O Equador encerra hoje uma nova semana de protestos promovidos pelo movimento indígena contra as políticas do governo de Daniel Noboa, com relatos de repressão, mais prisões e uma morte.

Neste sábado, 13º dia de greve convocada pela Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), estradas estão bloqueadas por manifestantes em, pelo menos, duas províncias serranas: Pichincha, onde fica Quito, e Imbabura, território que tem sido o epicentro dos protestos.

A CONAIE ratificou a continuidade da greve contra as medidas de Noboa, em particular o aumento do preço do diesel após a eliminação do subsídio aos combustíveis.

O Ministério do Interior informou que 102 pessoas foram presas no país desde o início dos protestos, incluindo cinco venezuelanos, três colombianos e um argentino deportado, além de 11 menores.

Do total de presos, 21 foram encaminhados para prisão preventiva, incluindo 12 manifestantes de Otavalo, província de Imbabura, que foram processados ​​por terrorismo, e outros 46 receberam medidas alternativas.

Ao mesmo tempo, as autoridades confirmaram que 52 policiais e militares ficaram feridos nos confrontos.

A Aliança de Organizações de Direitos Humanos informou ter verificado 183 denúncias de abusos de direitos humanos entre 22 de setembro e 2 de outubro no contexto da greve.

O movimento indígena equatoriano denunciou a repressão “sistemática” contra os protestos.

Em carta enviada ao Poder Executivo, aos Ministérios da Defesa, do Interior e do Governo, bem como ao alto comando das Forças Armadas, à Polícia e à Defensoria do Povo, as comunidades acusaram o Estado de criminalizar o protesto.

A Conaie (Confederação Nacional dos Povos Indígenas) exigiu uma investigação transparente sobre a morte de Efraín Fuerez, membro da comunidade Kichwa, morto em Cotacachi durante uma operação das forças de segurança, ato que descrevem como um crime de Estado.

Em meio a apelos ao diálogo por parte de universidades, Igreja Católica e organismos internacionais como a ONU, a vice-presidente da organização, Ercilia Castañeda, confirmou que não houve aproximação com o Governo, que insiste no fim do subsídio ao diesel.

Além da questão dos combustíveis, os povos indígenas se manifestaram a favor da defesa de suas terras e territórios, da rejeição ao extrativismo, do fortalecimento da saúde e da educação públicas e da redução do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de 15% para 12%.

A isso se soma a reivindicação por garantias para o exercício do direito à resistência, e afirmaram a necessidade de exigir verdade, justiça e reparação para as vítimas da repressão, em particular para a família de Fuerez.

Enquanto os protestos continuam nas comunidades, nesta semana, em cidades como Quito, Guayaquil e Cuenca, sindicalistas, estudantes, trabalhadores e representantes de diversos grupos marcharam em apoio à greve nacional e foram reprimidos por policiais e militares.

rc/avr/bj

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