De acordo com o portal R7, a possível ligação telefônica pode ocorrer nos próximos dias, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, negociador-chave do gigante sul-americano na busca por uma redução das tarifas impostas por Washington aos produtos brasileiros.
O governo Lula trabalha discretamente para garantir que o encontro, seja por telefone, videoconferência ou presencial, ocorra em um ambiente produtivo e sem surpresas. A preocupação é evitar situações embaraçosas ou cenas de tensão transmitidas ao público.
Não faltam exemplos recentes. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, teve uma conversa tensa e gravada em Washington em fevereiro. O sul-africano Cyril Ramaphosa, por sua vez, foi alvo de comentários ácidos do republicano durante um contato bilateral.
No caso brasileiro, a expectativa é que o diálogo sirva como um gesto simbólico. Apesar da dificuldade de obter resultados imediatos, a conversa pode fortalecer a confiança entre os dois governos e dar apoio às negociações técnicas.
Analistas consideram positiva a aproximação, mas alertam que ela deve ser conduzida com cautela. A especialista em Relações Internacionais Natali Hoff explicou que Trump costuma recorrer à ameaça de impor tarifas desproporcionais como estratégia para obter vantagens na mesa de diálogo.
“Isso ocorreu com a União Europeia, o Japão e a Coreia do Sul”, lembrou. “Os Estados Unidos ameaçaram com tarifas muito altas para forçar concessões e, mesmo cedendo, o republicano obteve benefícios ao apresentar acordos menos onerosos do que suas advertências iniciais”, alertou.
Para Hoff, o segredo está em avaliar até que ponto Trump estaria disposto a separar as questões econômicas das demandas políticas. Essa distinção, disse ele, pode definir o rumo das negociações com o Brasil nesta nova etapa.
O próprio Trump enviou sinais de otimismo. Após sua breve saudação a Lula em Nova York, ele garantiu que ambos compartilhavam uma excelente química.
“Ele parece um homem muito agradável. Ele gostou de mim, eu gostei dele”, afirmou com desenvoltura.
O magnata, mesmo com ironia, precisou que a sintonia durou “pelo menos 39 segundos”, tempo suficiente, segundo ele, para augurar um diálogo construtivo. “Isso é um bom sinal”, concluiu, fiel ao seu estilo peculiar.
Enquanto isso, o Brasil observa com cautela. O Executivo insiste que os contatos não substituem as negociações diplomáticas em andamento, mas reconhece que uma relação direta entre os líderes pode ajudar a desbloquear processos complexos.
mem/ocs/bm