A votação refletiu uma maioria sólida. O juiz que preside o caso, Alexandre de Moraes, foi acompanhado pelos desembargadores Flávio Dino, Carmen Lúcia Antunes e Cristiano Zanin, enquanto Luiz Fux se absteve de votar, deixando o ex-presidente sem apoio suficiente na corte.
Além da pena de prisão, Bolsonaro foi sancionado com 124 dias de multa.
Inicialmente, Moraes havia cogitado uma pena reduzida, dada a situação financeira declarada do réu, mas, durante a discussão, Dino insistiu que um cálculo mais severo deveria ser aplicado, levando em consideração a substancial capacidade financeira do ex-presidente.
O juiz lembrou que o próprio Bolsonaro reconheceu recentemente ter recebido 17 milhões de reais (aproximadamente US$ 3,155 milhões).
O tribunal então acatou a proposta e fixou a multa diária no equivalente a dois salários mínimos, aplicável de acordo com a legislação vigente à época do crime e atualizada até a data do efetivo pagamento.
A decisão incluiu cinco crimes graves relacionados à tentativa de golpe.
Bolsonaro foi condenado por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado de Direito, tentativa de golpe de Estado, dano qualificado como violento e grave ameaça e dano ao patrimônio histórico.
A soma dessas condenações representa uma pena sem precedentes para um ex-presidente brasileiro.
Dos 27 anos e três meses de prisão imposta, 24 anos e nove meses correspondem à pena de prisão em regime fechado, enquanto os dois anos e nove meses restantes serão cumpridos em regime aberto ou semiaberto.
Como sua pena ultrapassa oito anos, a lei exige que Bolsonaro inicie sua pena em regime fechado, marcando uma reviravolta política e judicial no país.
A decisão do Supremo Tribunal Federal também afetou outros sete réus que acompanharam o ex-presidente na conspiração. Entre eles, estão ex-assessores e militares, cuja participação no plano golpista foi considerada comprovada pelo tribunal.
A duração final das penas individuais ainda deve ser determinada ao final do julgamento.
Embora a sentença constitua um golpe histórico contra Bolsonaro e sua comitiva, os efeitos práticos não serão imediatos.
A defesa poderá interpor recursos, que terão de ser analisados pelo próprio Supremo Tribunal Federal antes que a sentença transite em julgado e a pena de prisão seja cumprida.
O tribunal deixou claro, no entanto, que a tentativa de perpetuação do poder pela força e pela desobediência institucional não ficará impune no Brasil.
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