As famílias enfrentam uma escolha impossível: correr o risco de morte, ferimentos, doenças e fome se permanecerem, ou enfrentar o deslocamento permanente com pouca esperança de retorno se partirem, denunciou a Ação Contra a Fome em um comunicado.
A organização afirmou que “empurrar centenas de milhares de pessoas para o sul (da Faixa de Gaza) nessas condições constitui deslocamento forçado e uma grave violação do direito internacional”.
O que estamos vendo na Cidade de Gaza não é apenas uma crise, é um colapso da sobrevivência humana, disse Natalia Anguera, diretora de operações do grupo no Oriente Médio.
O custo humano desta incursão terrestre será terrível, alertou, referindo-se aos preparativos do exército israelense, que durante semanas iniciou um intenso bombardeio à cidade mais populosa do enclave costeiro.
A Ação Contra a Fome alertou que a disponibilidade de água naquela área foi reduzida em 70%.
Oitenta e seis por cento da Faixa de Gaza já está sob ordens de deslocamento ou em zonas militarizadas, enfatizou.
A infraestrutura danificada e a superlotação estão dificultando cada vez mais o acesso a água, alimentos, abrigo e assistência médica, afirmou.
“É difícil imaginar quase um milhão de pessoas se mudando para o sul. Não há mais abrigo. Não há tendas”, disse um ativista do grupo.
Após várias semanas de intenso bombardeio, as Forças Armadas de Israel (IDF) emitiram ordens de evacuação pela primeira vez na última terça-feira para todos os moradores da cidade, onde um milhão de pessoas vivem ou estão abrigadas.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) pediram um deslocamento para o sul em meio à ofensiva contra a cidade, apesar da ampla condenação internacional e de relatos de deslocamento forçado, de acordo com imagens de emissoras de televisão árabes, que documentaram longas filas de pessoas fugindo dos ataques nos últimos dias.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu vangloriou-se na segunda-feira da destruição de várias torres residenciais na cidade.
Enquanto isso, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, ameaçou arrasar a área se o Movimento de Resistência Islâmica (MRI) não se render.
Na semana passada, a Defesa Civil do território declarou que as IDF destruíram mais de 85% das casas e infraestrutura nos bairros de Shuja’Öiyya e Tuffah, e 70% em Zeitoun, Sabra, Jabalia, Nazla e Balad.
Também há danos significativos nas cidades vizinhas de Beit Hanoun e Beit Lahia, observou.
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