Quarta-feira, Setembro 10, 2025
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Polarização política marca o Dia da Independência no Brasil

Brasília, 7 set (Prensa Latina) A celebração do Dia da Independência hoje reflete a polarização que o Brasil atravessa.

A data, que comemora a proclamação de 1822, será marcada por manifestações simultâneas da direita e da esquerda, em meio a um cenário de tensão política e diplomática.

O pano de fundo imediato é o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições gerais de 2022.

A isso somam-se as recentes sanções impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra autoridades brasileiras, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais (sudeste), a Praça da Liberdade será palco de uma das principais concentrações bolsonaristas (adeptos de Bolsonaro).

Os organizadores apelam à defesa da liberdade do ex-governante de extrema-direita, que desde 4 de agosto cumpre prisão domiciliária por violar medidas cautelares, e criticam o que consideram uma politização do STF.

«Queremos uma anistia ampla, geral e irrestrita, e denunciar o que De Moraes está a fazer dentro do tribunal», declarou Cristiano Reis, líder do movimento Direita BH.

A esquerda também ocupará as ruas, com atos em várias cidades sob o lema Brasil Soberano, o mesmo escolhido pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva para o desfile oficial pela data nesta capital.

Em Belo Horizonte, a concentração progressista se somará ao Grito dos Excluídos, que há três décadas denuncia as desigualdades sociais e as políticas de exclusão.

Os movimentos sociais buscam este ano confrontar as medidas de Washington, como o aumento das tarifas e a aplicação da Lei Magnitsky, que permite sancionar indivíduos e entidades responsáveis por violações dos direitos humanos ou corrupção, proibindo o acesso aos seus sistemas financeiros e negando vistos para entrar nos Estados Unidos.

Para os líderes progressistas, trata-se de recuperar a bandeira do patriotismo, historicamente utilizada pela direita em datas cívicas.

O historiador Leon Kaminski, da Universidade Federal de Minas Gerais, lembra que durante o governo Bolsonaro (2019-2022), o dia 7 de setembro foi apropriado como espaço de exaltação militar.

«Promoveu-se um discurso que reforçava a ditadura (1964-1985) e atacava a esquerda e os movimentos sociais», explicou o pesquisador, destacando a mudança de tom que os progressistas buscam agora.

Enquanto isso, as autoridades federais preparam um forte esquema de segurança em Brasília, onde o tradicional desfile cívico-militar acontecerá neste domingo na Esplanada dos Ministérios.

oda/ocs/hb

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