Em entrevista à Al Jazeera, o médico observou que dez centros de tamanho semelhante ao de Nasser são necessários para acomodar o alto número de crianças que sofrem de desnutrição no enclave costeiro.

Al-Farra relatou um aumento no número de crianças que perderam peso devido à falta de comida.

A desnutrição passa por três fases, mas em Gaza eles sofrem de uma fase crônica, explicou ele.

O especialista explicou que há alterações que são impossíveis de corrigir mesmo que a pessoa retome a alimentação adequada, pois afetam o sistema nervoso central e algumas células nervosas.

Se uma criança não tiver esses elementos, ela terá dificuldades no futuro com compreensão, percepção, expressão, resiliência e resolução de problemas, enfatizou.

Eles também sofrerão de baixa estatura, problemas com hormônios da tireoide e maturidade sexual tardia, e há até mesmo a possibilidade de infertilidade.

Al-Farra revelou que a clínica de desnutrição de Nasser, que abre apenas dois dias por semana, costumava receber alguns casos antes da guerra, mas “hoje recebemos mais de 120 casos em apenas algumas horas”.

Ele descreveu como muitos deles chegam ao hospital como cadáveres devido à falta de comida.

Ele também alertou sobre a disseminação de outras doenças, como meningite, infecções bacterianas da pele e o aumento de casos de poliomielite e gastroenterite.

A esse respeito, ele observou que oito em cada dez sofrem de diarreia por causa da proibição israelense de importação de vacinas contra o rotavírus e da contaminação das águas subterrâneas.

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