Há uma controvérsia secreta sobre o momento do inquérito.
Os apoiadores do governo argumentam que a CPMI deve ser retroativa a 2019, durante a presidência de Jair Bolsonaro, para investigar as origens da fraude do INSS.
No entanto, os apoiadores de Bolsonaro querem limitar seu trabalho ao atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva, concentrando as investigações exclusivamente na administração do Partido dos Trabalhadores.
Entre 2019 e 2024, aposentados e pensionistas do INSS foram inscritos de forma fraudulenta em associações ou sindicatos sem o seu consentimento, o que permitiu que as contribuições fossem descontadas diretamente de suas aposentadorias. O valor total estimado da fraude é de cerca de US$ 1,2 bilhão.
Uma auditoria da Controladoria Geral da União e uma ação da Polícia Federal denominada Operação Sem Desconto, lançada em abril de 2025, revelaram o esquema.
Durante a operação, mais de 211 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, vários mandados de prisão foram emitidos e bens de luxo, incluindo joias, carros e dinheiro, no valor aproximado de US$ 200 milhões foram apreendidos.
O senador Omar Aziz presidirá o conselho de supervisão após um acordo político com seus aliados e o relator será o deputado Ricardo Ayres.
Além de investigar a fraude, a CPMI pretende propor revisões legislativas para evitar que tais esquemas se repitam no futuro.
Espera-se um trabalho técnico e imparcial, com uma cronologia clara dos fatos.
A oposição criticou a escolha de Ayres, alegando que ele não assinou o requerimento para a criação da CPMI, apesar de ter sido nomeado relator.
“Se dependesse dele, a CPMI não existiria”, disse Sóstenes Cavalcante, deputado do Partido Liberal, o mesmo partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A criação da CPMI do INSS marca o início formal da investigação dos esquemas de deduções irregulares que afetaram aposentados e pensionistas.
A comissão tem potencial para ir além da investigação, pois pode propor mudanças legais duradouras.
Seu desafio será apresentar um relatório técnico e transparente que preste contas aos envolvidos e ofereça uma resposta eficaz aos mais vulneráveis.
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