Depoimentos prestados à Jurisdição Especial para a Paz (JEP) pelos irmãos Francisco e Jaime Angulo Osorio confirmaram que eles, juntamente com funcionários do Gabinete do Governador, membros das forças de segurança e outros empresários, coordenaram um plano para fornecer apoio logístico e financeiro a grupos paramilitares na década de 1990.
Segundo uma investigação do jornal El Espectador, que revelou o depoimento dos irmãos, funcionários do então governador Uribe facilitaram a criação da chamada “Convivir” (Autodefesas Unidas da Colômbia) em Antioquia. Essas cooperativas serviam como fachada para o grupo paramilitar Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC).
O jornal relata que os irmãos descreveram como Pedro Juan Moreno, secretário do governo departamental e braço direito de Uribe, teria desempenhado um papel vital no apoio a esses grupos.
Francisco Angulo afirmou que participava da Convivir como auditor fiscal e que o grupo operava como “intermediário legal” entre os paramilitares e o exército.
Ele também alegou que eles forneciam dinheiro, alimentação, transporte e alojamento aos homens armados, e até mesmo forneciam informações militares e de inteligência para facilitar operações que levaram a massacres e deslocamentos em massa.
De acordo com a testemunha, um assessor do Ministério do Interior, chamado Zapata, processou os formulários e resoluções para estabelecer legalmente os grupos Convivir. Ele também afirmou que os responsáveis por essas organizações realizaram execuções extrajudiciais.
Tanto Uribe quanto sua equipe jurídica negam que o ex-presidente tenha se envolvido ou tenha conhecimento das atividades criminosas descritas.
O ex-presidente cumpre atualmente uma pena de 12 anos de prisão domiciliar por fraude processual e suborno em processos criminais.
No entanto, há sombras em torno de sua responsabilidade pelos massacres de El Aro e La Granja, ocorridos entre 1996 e 1997, quando ele era governador do departamento de Antioquia.
Em 2015, o Ministério Público, em conexão com esses eventos, solicitou que a Suprema Corte investigasse Uribe porque, como líder local, ele “facilitou o trabalho dos paramilitares” que participaram dos massacres de camponeses.
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