Um estudo realizado pela MEDIC Haiti e pelo Movimento Point Final descreveu como dramática a situação da saúde em sete desses complexos em Porto Príncipe e três em Léogâne.
A pesquisa constatou que 98% das pessoas deslocadas sofrem de sarna, 85% das crianças entre um e seis anos de idade têm diarreia ou disenteria, agravada por água contaminada e parasitas intestinais.
A desnutrição aguda ou moderada afeta 80% das crianças, e as infecções respiratórias agudas afetam 70% dos bebês de 1 a 10 anos de idade, segundo o Haiti Libre.
Anteriormente, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou que a cólera continua a afetar os assentamentos de deslocados internos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 34 novos casos suspeitos de cólera foram registrados em seis departamentos entre 13 e 19 de julho.
A maioria desses casos estava ligada a locais de deslocados internos, onde o acesso à água potável e ao saneamento é limitado.
As autoridades de saúde identificaram cinco pontos críticos de transmissão ativa, principalmente em Porto Príncipe e nas regiões norte.
Os funcionários da OCHA continuam a realizar atividades essenciais de prevenção e controle da cólera.
O Haitian Times, um jornal on-line, lembrou que o Haiti passou mais de um século sem nenhum caso de cólera até 2010, quando as forças de paz da ONU do Nepal contaminaram o rio Artibonite com esgoto infectado.
O surto se espalhou rapidamente, adoecendo cerca de 820.300 pessoas e matando quase 10.000.
Após anos de esforços coordenados de saúde pública, o Haiti registrou seu último caso confirmado em janeiro de 2019.
A Organização Mundial da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde declararam a doença eliminada em fevereiro de 2022.
Esse progresso diminuiu em outubro de 2022, quando novas infecções surgiram em Porto Príncipe durante um período de agitação civil e agravamento da crise humanitária.
A cólera está se espalhando novamente, especialmente entre as pessoas deslocadas pela violência das gangues, destacando a fragilidade do sistema de saúde do país e a necessidade urgente de acesso a água potável e saneamento em acampamentos e áreas de alto risco.
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