O vice-presidente Geraldo Alckmin informou que a primeira reunião será às 10:00 horas locais com representantes de empresas (aço, aviação, alumínio, celulose, máquinas, calçados, autopeças e móveis) mais afetadas pelas novas tarifas.
Outra reunião está marcada para as 14 horas, horário local, e contará com a presença de exportadores do setor agropecuário, com produtores de suco de laranja, carnes, frutas, mel, couro e pescados.
O ministro do Comércio e Indústria também disse que haverá mais reuniões no final da semana e que as empresas norte-americanas com sede permanente no Brasil e as entidades de comércio bilateral entre os dois países também serão incluídas nas negociações.
A medida de Trump impõe uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos a partir de 1º de agosto.
A decisão foi duramente criticada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que considera a ação uma represália política, motivada pelas críticas do republicano ao Supremo Tribunal Federal e por sua defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de ser golpista.
Segundo Alckmin, as conversas fazem parte do trabalho de um comitê interministerial criado por Lula e presidido por ele com a integração da Casa Civil e dos ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Fazenda e Relações Exteriores.
Nesse cenário, também foi noticiado que haverá uma conversa entre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e Gabriel Escobar, Encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos no país.
Escobar também se reunirá com o setor privado em São Paulo, o estado com a maior concentração de investimentos dos EUA no gigante sul-americano.
Recentemente, o cientista político Paulo Roberto de Sousa disse que o governo Lula poderia transformar a ofensiva dos EUA em uma vantagem política interna.
“Na verdade, o governo recebeu um presente (…) Há uma extrema direita que monopolizou o nacionalismo nos últimos anos e que agora está sendo questionada (…) Isso gera um novo paradigma na disputa pelo significado nacional”, apontou.
Para De Sousa, a retórica de um inimigo externo pode ajudar a unir setores da sociedade em torno do governo, como já aconteceu em outros momentos da história.
Na opinião da economista Juliane Furno, a medida pode abrir caminho para um reposicionamento estratégico do Brasil e defende a expansão das relações comerciais com os países do Sul Global, dada a relação tensa com a Casa Branca.
rc/ocs/bm