Por Lisván Lescaille Durand
Em entrevista exclusiva à Prensa Latina, o diretor do Centro de Estudos Demográficos (Cedem) da Universidade de Havana explicou que, embora a ilha tenha sido historicamente um país de migração, atualmente há uma mobilidade significativa de pessoas.
Inicialmente, os movimentos ocorrem das províncias do leste para o oeste, principalmente para Havana, que é o principal destino, mas também a maior fonte de migração para o exterior, observou o especialista.
“Migração sempre gera migração; existem redes sociais que atraem novos migrantes. A migração das áreas rurais para as urbanas sempre existiu em Cuba, um fenômeno que ganha força hoje no contexto de uma maior urbanização da sociedade”, afirmou.
Segundo Ajas, a questão representa um desafio à estratégia de desenvolvimento social e econômico, à produção de alimentos e ao progresso das áreas rurais, que são severamente subpovoadas e envelhecidas.
Ele também observou que a ilha também está passando por um processo de migração de áreas rurais para áreas rurais, onde as pessoas “buscam oportunidades econômicas, produtivas e de emprego diferentes de seu local de origem, o que representa desafios para o desenvolvimento local”.
A mobilidade ocorre em direção ao campo, muitas vezes dentro do próprio município ou para áreas rurais de outra província, e esse comportamento migratório impacta a maneira como o avanço econômico e social de cada distrito é controlado, organizado e priorizado.
Em relação à migração internacional, Ajas confirmou que Cuba tem um saldo migratório negativo (muito mais emigrantes do que imigrantes), que se registra desde 1930 e piorou desde 1959.
No século atual, ela tem características muito particulares, porque não é apenas a migração que sai e não volta, mas também a migração circular, temporária, afirmou o especialista.
Isso tem impacto na estrutura da população cubana, na dinâmica demográfica do país e na estrutura etária da população, porque essencialmente emigram jovens com maior população feminina, e isso tem impacto na população total, afirmou.
Outra peculiaridade, explicou ele, é que, para Cuba, o principal destinatário de sua emigração é também o principal antagonista do projeto de nação cubano: os Estados Unidos. E isso politiza a questão, a mediatiza e faz com que a questão da migração cubana nem sempre seja visível. Para eles, apenas quando certos eventos ocorrem. Hoje, acrescentou Ajas, estamos em uma fase diferente; estamos falando da importância de entender a migração; de buscar uma circularidade, um retorno e uma aproximação entre os cubanos que vivem no exterior e que querem a Pátria para a Pátria.
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