Segundo a Agência Internacional de Energia (AIE), no ano passado a exploração de combustíveis fósseis gerou cerca de 120 milhões de toneladas do gás, cuja fórmula química é CH4.
Estimativas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) sustentam que três setores são responsáveis pela maior parte do metano atribuído à gestão humana: agricultura, resíduos e combustíveis fósseis.
A mineração de carvão contribui com 12% das emissões da indústria de combustíveis fósseis; embora a extração, o processamento e a distribuição de petróleo e gás representem 23%, o PNUMA alertou em novembro de 2024, no contexto da Cúpula do Clima COP29, realizada em Baku, Azerbaijão.
Vinte por cento das emissões de CH4 do setor de resíduos vêm de águas residuais e aterros sanitários, e cerca de 32% das emissões do setor agrícola vêm de pastagens e esterco, de acordo com dados do PNUMA.
Atualmente, há aproximadamente 2,5 vezes mais metano na atmosfera do que durante a era pré-industrial, e as emissões aumentaram nos últimos anos, confirmou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 2024.
Segundo especialistas, o CH4 tem um potencial de aquecimento global mais de 80 vezes maior que o do dióxido de carbono (CO2) por 20 anos após sua liberação na atmosfera.
“Governos e empresas de petróleo e gás devem parar de falar sobre esse desafio quando as respostas estão bem na sua cara”, disse a diretora-geral do PNUMA, Inger Anderson, na COP29.
O novo relatório da AIE, publicado ontem, argumenta que cerca de 70% das emissões de metano provenientes da exploração de combustíveis fósseis poderiam ser evitadas por meio do uso de tecnologias disponíveis.
Grandes empresas do setor têm capacidade financeira para realizar os investimentos, que acarretariam custos relativamente pequenos e até mesmo receitas adicionais, considerando o impacto econômico de tais projetos.
O setor de hidrocarbonetos contribui com cerca de 200 bilhões de metros cúbicos de metano anualmente, mas se empreendesse um esforço concentrado para limitar as emissões, poderia disponibilizar cerca de 100 bilhões de metros cúbicos para venda, argumentou a AIE.
Além disso, a queima de gás nos campos representa outros 150 bilhões de metros cúbicos, que também poderiam ser amplamente utilizados para atender ao consumo, acrescentou.
Estatísticas da AIE estimam emissões totais de CH4 em cerca de 610 milhões de toneladas por ano, das quais apenas uma pequena parcela provém de fontes naturais, com a atividade humana produzindo dois terços.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), os países do G20; ou seja, as grandes potências industriais são responsáveis por aproximadamente 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o principal órgão científico da ONU sobre mudanças climáticas, continua a emitir alertas cada vez mais alarmantes sobre o ritmo acelerado do aquecimento global, mas a maioria de seus compromissos está longe de ser cumprida.
Na COP29, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, enfatizou o papel crucial das finanças no enfrentamento da crise: “Invista ou a humanidade pagará o preço das mudanças climáticas (…) financiamento climático não é caridade, é um investimento. A ação climática não é opcional, é um imperativo.”
Com sede no Brasil, a COP30 acontecerá em novembro próximo; resta esperar por notícias melhores até lá.
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