Lula recebeu e condecorou Fernández na segunda-feira, que está visitando o gigante sul-americano pela quarta vez este ano, no âmbito do 200º aniversário das relações diplomáticas bilaterais.
Antes de condecorá-lo, o governo anfitrião anunciou no Palácio do Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores) que está trabalhando na criação de uma linha abrangente de financiamento para as exportações brasileiras para a Argentina. Não faz sentido para o Brasil perder espaço no mercado argentino para outros países porque eles oferecem crédito e nós não”, disse ele.
Ele disse que estão sendo feitos progressos nessa direção, com soluções novas e criativas que permitem maior integração financeira e facilitam as trocas.
Entre as opções, disse ele, “está a adoção de uma moeda de referência específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”.
A Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil no mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Na América do Sul, é o principal, mas enfrenta uma grave crise econômica, com desvalorização da moeda local, perda de poder aquisitivo e altas taxas de inflação.
Ainda em seu discurso, o fundador do Partido dos Trabalhadores disse estar “muito satisfeito” com as perspectivas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para a construção do gasoduto Néstor Kirchner.
Batizado com o nome do ex-presidente argentino, o gasoduto de grande porte ligará o campo de gás de Vaca Muerta, em Neuquén, à cidade de Salliqueló, na província de Buenos Aires.
Após assumir o cargo em 1º de janeiro, Lula fez uma visita oficial à Argentina em sua primeira viagem internacional de seu terceiro mandato. Uma declaração conjunta com vários compromissos foi assinada em 23 de janeiro.
Fernández veio mais duas vezes a Brasília em maio. Uma vez para se reunir diretamente com o ex-sindicalista e outra para participar da reunião de cúpula dos presidentes sul-americanos.
O governo brasileiro atribui um caráter “estratégico e prioritário” às relações com o país vizinho, eixo fundamental do Mercado Comum do Sul, bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, e do processo de integração sul-americana.
De acordo com a agenda, Fernández será recebido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e depois pela presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, antes de retornar a Buenos Aires.
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