Mesmo no meio do esforço de guerra, a prioridade do Presidente Neto era a educação; preparar o povo para governar o país, disse o pesquisador, que foi o primeiro embaixador de Cuba na nação africana.
Uma vez derrotada a máquina do domínio português, “tudo tinha que ser feito, o Estado angolano tinha que ser construído”, e isso só foi possível se muitos jovens entrassem no mundo da educação, daí a partida nos anos 70 de milhares de bolsistas para estudar em Cuba e em outros países, ele lembrou.
Era a necessidade histórica de fundar o estado” e Neto insistiu no papel da cultura como fonte de desenvolvimento econômico e bem-estar para os angolanos, Oramas apontou em conversa com dezenas de alunos e professores do Centro de Formação Musical e Artes Cênicas, na província de Bengo.
Antes de iniciar a palestra e a rodada de perguntas e respostas, o ex-embaixador teve a oportunidade de apreciar a atividade docente da escola nas manifestações de música, dança e teatro, bem como a excelência de seus meios técnicos e um concerto de despedida.
Os estudantes de artes cênicas foram os mais dispostos a fazer perguntas ao convidado, um diplomata que durante 25 anos esteve diretamente ligado a eventos na África.
Eles perguntaram sobre o caráter e o pensamento de Neto, o surgimento de laços com Cuba, as lutas anticoloniais no sul do continente e as lembranças pessoais do orador que também era na época o líder do Movimento Popular pela Libertação de Angola (MPLA).
Ele falou de Che Guevara, Fidel Castro e da Ilha da Juventude, onde mais de algumas famílias cubanas aprenderam a cozinhar pratos tradicionais angolanos ou deixaram a marca da irmandade nos nomes de seus filhos.
Ele também falou sobre os motivos acadêmicos para escrever o livro “Dr. Agostinho Neto: um homem excepcional de sua época”, cuja primeira edição em português será apresentada amanhã em Luanda, no Memorial onde repousam os restos mortais do Herói Nacional.
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