No Palácio da Alvorada (residência oficial em Brasília), perante cerca de 40 diplomatas estrangeiros, no dia 18 de julho, o ex-militar repetiu infundadas e já negadas suspeitas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral.
Ele baseou sua fala em uma investigação aberta pela Polícia Federal em 2018, com autorização do Supremo Tribunal Federal, sobre a invasão de um hacker no sistema do Superior Tribunal de Justiça (TSE).
No entanto, o TSE informou repetidamente que esse acesso foi bloqueado e não interferiu em nenhum resultado.
“Basicamente aquele encontro (com embaixadores) foi emblemático de como o governo Bolsonaro canalizou essa perspectiva de golpe”, alertou Rafael Rud, integrante da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, citado pelo portal Rede Brasil Atual.
Segundo o ativista, se as organizações populares “não reagirem agora, pode ser tarde demais. E as pessoas entram em um campo de retrocessos que podem ser irreparáveis para a democracia e as eleições”.
Assim, frisou, “a ideia é que as pessoas de alguma forma também atendam a esse clamor da sociedade, com medo dessas manifestações de Bolsonaro, que ataca a democracia e o sistema eleitoral brasileiro”.
Por sua vez, Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, afirmou que entre as ações que serão avaliadas pelo Fora Bolsonaro está a retomada dos atos de rua.
Ao longo do ano passado, a articulação foi responsável por realizar pelo menos oito mobilizações para exigir o impeachment (destituição) do chefe do Executivo.
Essa campanha é composta pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, além de movimentos sociais e sindicais, entidades e grupos populares.
Vários setores da sociedade brasileira reagiram aos ataques promovidos por Bolsonaro durante o encontro com embaixadores. Mais de 40 membros do Ministério Público exigiram uma investigação do procurador-geral Augusto Aras e partidos da oposição também apresentaram uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal.
Na véspera, o presidente do TSE, Edson Fachin, deu cinco dias a Bolsonaro para explicar seus ataques contra o processo de votação.
Fachin solicitou esses esclarecimentos perante uma ação do Partido Democrático Trabalhista, que acusa o ex-capitão do Exército de propaganda eleitoral antecipada.
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