Em um contexto eleitoral e tendo em vista a situação causada pelo bombardeio de dois aviões pertencentes ao grupo Irmãos ao Resgate, que violaram repetidamente o espaço aéreo cubano, o Congresso americano aprovou este projeto de lei apesar de sua inconstitucionalidade.
De acordo com especialistas, o então chefe da Casa Branca, Bill Clinton (1993-2001), ratificou-o para ganhar o apoio nas eleições seguintes da comunidade cubano-americana que residia principalmente na Flórida, conhecida por sua importância como um estado-pêndulo.
Até o momento da assinatura da lei (12 de março de 1996), o bloqueio era um conglomerado importante de cerca de seis normas legais que davam ao presidente do país o poder de aplicá-las ou não, explicou Yusnier Romero, especialista da chancelaria caribenha.
Ele também comentou que Helms-Burton eliminou a possibilidade unilateral de levantar o cerco na ilha e estabeleceu que ele permanecerá em vigor até que o que Washington chama de um governo de transição certificado por eles mesmos esteja em vigor em Cuba.
Esta legislação tipifica limitações no comércio, transações, viagens de e para o país caribenho, bem como restrições na compra e venda de propriedades nas quais Cuba ou cidadãos cubanos tenham interesse.
Desireé Llaguno, professora assistente de Direito Público Internacional na Universidade de Havana, considera que a aplicação de sanções contra terceiros é uma ação habitual da política externa americana, da qual a ilha tem sido um alvo sustentado por mais de seis décadas.
Para implementar o cerco, Washington construiu “um complexo e copioso conjunto de leis, ordens executivas e presidenciais, memorandos, notificações, proclamações e determinações que implementaram um complicado sistema de sanções por mais de 62 anos”, disse ela ao Prensa Latina.
Em particular, as leis Torricelli (1992) e Helms Burton (1996) – exemplos do que significa violar os princípios de igualdade soberana e não-intervenção nos assuntos internos de um Estado, que são considerados pelo direito internacional como normas vinculativas, acrescentou ele.
Os especialistas concordam que a legislação assinada em 1996 constitui um enorme obstáculo e que não pode haver uma relação estável, institucionalizada, duradoura e irreversível entre os dois povos enquanto ela existir.
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