Faltando apenas alguns meses para completar seu mandato, Piñera anunciou um leilão para a adjudicação de contratos operacionais para explorar e produzir 400 mil toneladas desse metal leve, utilizado na fabricação de baterias.
Entre as empresas concorrentes estão a Albemarle, com sede na Carolina do Norte (Estados Unidos), e a Sociedad Química y Minera de Chile Soquimich, que possuíam ou estão pendentes de litígio com o Estado chileno.
“Dar a esses consórcios a exploração do lítio no norte do país significaria fortalecer o modelo extrativista e as empresas privadas, em detrimento de projetos produtivos, sustentáveis e benéficos para o Chile”, disse uma matéria no semanário digital El Siglo.
Vários deputados apresentaram esta semana ao Tribunal de Apelações de Santiago um recurso de proteção para interromper o processo.
“O que o governo está fazendo é colocar em risco o interesse geral da nação”, denunciou o parlamentar Raúl Soto, um dos promotores da ação.
Camila Vallejo, também parlamentar, alertou que o edital é mal elaborado, não permite estimar seu impacto ambiental, não existe estratégia de geração de valor agregado e é entregue a um preço bem inferior ao comercial.
Por outro lado, o plano promovido por Piñera viola as normas de consulta às comunidades indígenas próximas ao local de exploração no deserto do Atacama.
Para o deputado Giorgio Jackson, integrante da equipe do presidente eleito, Gabriel Boric, o prudente é postergar o processo de adjudicação e “não o fazer na última hora ou nos descontos da atual administração”.
“Para nós, o lítio constitui, como diz nosso programa, uma área estratégica para o desenvolvimento produtivo”, lembrou Jackson.
A Federação dos Trabalhadores do Cobre (FTC) expressou sua rejeição ao plano de Piñera de entregar a exploração do metal precioso ao setor privado e às empresas transnacionais.
Segundo a FTC, deveria ser criada uma Corporação Nacional de Lítio, semelhante à que existe com o cobre, e considerou que o país possui capacidade profissional, técnica e de investimento para a sua exploração.
As mobilizações contra a privatização deste recurso natural foram convocadas para sexta-feira em todo o território nacional.
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