Quarta-feira, Dezembro 03, 2025
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Bolsonaro não tem opções no Brasil para reduzir pena de golpista

Brasília, 1 dez (Prensa Latina) A tentativa da família de Jair Bolsonaro de reduzir a longa pena de prisão do ex-presidente brasileiro por liderar um golpe de Estado ganhou um novo capítulo nesta terça-feira, após a revelação de que um de seus filhos lhe levou livros de passatempo e entretenimento para a prisão.

O gesto reabriu um antigo debate jurídico: que tipo de leitura realmente conta para a redução de pena no sistema prisional brasileiro? A resposta é inequívoca: jogos, entretenimento e textos religiosos não geram qualquer redução.

O regulamento do Conselho Nacional de Justiça estipula que apenas obras literárias, filosóficas ou científicas podem ser utilizadas no programa de redução de pena por estudo.

Além disso, o detento deve escrever uma resenha original, que deverá ser avaliada por educadores vinculados ao sistema.

Cada obra aprovada pode reduzir até quatro dias de pena, sem limite anual, desde que a unidade prisional ofereça o programa. No caso de Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe, nada do que ele fez até agora se enquadra nesse procedimento.

Veículos de imprensa relatam que o político de extrema direita estava em sua cela na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, lendo a Bíblia, prática valorizada por seus aliados por seus benefícios espirituais, mas que não tem repercussões legais.

As buscas por palavras oferecidas por Jair Renan, um de seus filhos, também não têm validade legal.

Ao contrário de outros presos de alto perfil que planejam um cronograma de leitura e revisão desde o primeiro dia, Bolsonaro ainda não iniciou nenhum processo formal de redução de pena.

E há um obstáculo adicional. Para participar da iniciativa, ele provavelmente precisará ser transferido para uma unidade prisional com estrutura educacional, algo que não existe em sua atual cela solitária de 12 metros quadrados. O que esse episódio revela, segundo especialistas consultados pela imprensa nacional, é a ausência de uma estratégia clara por parte da defesa e do próprio ex-presidente para reduzir sua pena pelos mecanismos previstos em lei.

Sem materiais adequados e sem avaliações criteriosas, a longa sentença permanece inalterada.

Por ora, o único material de leitura confirmado de Bolsonaro é a Bíblia, cuja relevância pessoal não se traduz em redução de anos atrás das grades.

Na matemática da execução penal, a fé pode oferecer conforto, mas não descontos.

ro/ocs/bm

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