Domingo, Novembro 23, 2025
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Surge na Itália o caso mais antigo de cooperação entre humanos e cães

Roma, 23 de nov (Prensa Latina) Pesquisadores italianos descobriram em uma caverna na região norte da Ligúria a evidência mais antiga de colaboração entre cães e seres humanos, após analisar pegadas que datam de cerca de 14.400 anos, segundo um relatório divulgado hoje.

A descoberta, publicada na revista científica Quaternary Science Reviews e divulgada no site informativo do canal de televisão Telenord, demonstra a coexistência de cinco pessoas, que exploraram esses locais, com um cão de cerca de 40 quilos, 70 centímetros de altura e mais de um metro de comprimento.

Entre esse grupo, que se deslocava pelos corredores estreitos e desníveis rochosos da caverna, localizada na província de Savona, estavam três menores, com aproximadamente três, sete e onze anos de idade, enquanto os adultos mediam entre 150 e 167 centímetros de altura.

A equipe de especialistas da Universidade La Sapienza, de Roma, analisou 25 pegadas caninas por meio de técnicas avançadas como fotogrametria digital, estratigrafia e morfometria, com estudos a laser e multiespectrais, ao mesmo tempo em que foram feitas comparações com quase mil pegadas modernas de cães e lobos.

Marco Romano, professor de paleontologia do Departamento de Ciências da Terra da Universidade La Sapienza e coordenador da pesquisa, apontou que foi cientificamente comprovado que essas pegadas pertenciam a um cão adulto, que permaneceu junto ao grupo humano.

“A sobreposição de pegadas humanas e caninas fornece uma evidência inequívoca de sua contemporaneidade e, portanto, da estreita relação entre ambos”, precisou o especialista, que destacou que “pela primeira vez, podemos observar não apenas a presença de cães junto aos humanos, mas um momento preciso de sua interação próxima”.

As pegadas encontradas nessa caverna, conhecida como Gruta da Basura, localizada perto da vila ligur de Toirano, foram georreferenciadas por meio de fotogrametria e varredura a laser, o que possibilitou reconstruir a rota de quase um quilômetro percorrida pelo grupo.

Foi determinado que, na companhia de um cão, eles entravam e saíam por diferentes pontos, superando à luz de tochas, feitas com galhos de pinheiro, as passagens desafiadoras dessa caverna cárstica, descoberta em 1950, que revelou vestígios de atividade pré-histórica, com restos ósseos, sinais de combustão, pinturas rupestres e pegadas.

Nas últimas décadas, numerosos estudos exploraram o uso humano dessa gruta durante o Paleolítico, revelando cenas da vida cotidiana durante a última glaciação, mas a descoberta de pegadas fósseis na mesma, pertencentes tanto a humanos quanto a canídeos, é de particular relevância.

Esta recente descoberta lança uma nova luz sobre as estratégias de sobrevivência dos grupos pré-históricos, mas sobretudo sobre a importância simbólica e prática da interação com os cães na aquisição de recursos, na proteção e na organização da vida comunitária, acrescenta a fonte.

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