Assim afirmou a diretora do Departamento de Clima do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Liliam Chagas, que destacou que “as negociações devem começar com o pé direito”.
Em entrevista concedida ao portal oficial da COP30, a diplomata destacou que a sessão preparatória realizada em Bonn, Alemanha, em junho, permitiu alcançar consensos preliminares em temas-chave: adaptação, transição justa, financiamento climático, perdas e danos, gênero e clima, bem como na implementação do primeiro Balanço Global do Acordo de Paris.
“A primeira etapa dessas negociações multilaterais foi bem-sucedida”, afirmou.
A agenda oficial desta edição inclui mais de 140 temas, sendo três considerados prioritários: adaptação climática, transição justa e Balanço Global.
Ao contrário das conferências anteriores, a COP30 não gira em torno de um único eixo temático. “A abordagem será mais ampla. Se os diferentes temas forem bem gerenciados, poderemos passar da regulamentação para a implementação real dos compromissos”, explicou Chagas.
Sobre o Objetivo Global de Adaptação, a embaixadora precisou que em Belém se buscará definir marcos que permitam medir o progresso das nações.
“Esses indicadores servirão para orientar políticas como a construção de moradias resilientes ou o planejamento urbano diante de eventos extremos”, disse ela.
Com relação à transição justa, ela ressaltou a necessidade de criar um programa de trabalho com diretrizes que coloquem as pessoas no centro da ação climática.
“Queremos que aqueles que perderem seus empregos em setores dependentes de combustíveis fósseis possam ser requalificados para trabalhar na nova economia de baixo carbono”, explicou.
O terceiro eixo, a implementação do Balanço Global (Global Stocktake), busca traduzir em ações concretas as recomendações do primeiro relatório, realizado há dois anos.
“É urgente avançar na transição energética para fontes renováveis e acabar com o desmatamento. Ainda há muito a ser feito”, ressaltou Chagas.
A COP30 é precedida pela Cúpula de Líderes, realizada nos dias 6 e 7 de novembro, nesta cidade amazônica, onde o Brasil lançou o Apelo de Belém à Ação.
Nessa reunião, os chefes de Estado reafirmaram seu compromisso com o multilateralismo e com os objetivos do Acordo de Paris.
“Os líderes concordaram que é hora de acelerar os esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau e fortalecer o financiamento climático. A Cúpula cumpriu sua função de dar o impulso político que agora se traduz em ação”, concluiu Chagas.
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