A comemoração destaca o legado e a influência da prima ballerina assoluta e, em sua memória, o Ballet Nacional de Cuba (BNC) apresentará neste domingo o clássico Dom Quixote, com os primeiros bailarinos Anette Delgado e Dani Hernández nos papéis principais.
Alicia dedicou sua vida à dança: primeiro à formação como bailarina respeitável, depois à construção de um estilo próprio e, por fim, à consolidação do balé dentro da cultura cubana, como parte integrante e hoje inseparável dela.
Junto aos irmãos Fernando e Alberto Alonso — pedagogo e coreógrafo extraordinários, respectivamente —, fundou a primeira companhia profissional de balé em Cuba há 77 anos, quando essa arte ainda era pouco compreendida nas sociedades latino-americanas.
Apesar das contradições sociais, políticas e de saúde que enfrentou, a determinação e a coragem dessa mulher a fizeram persistir na elevação de seu nível como bailarina.
Alonso apoiou a revolução social iniciada em Cuba em 1959 e superou preconceitos e ideologias burguesas para levar sua arte ao povo, às fábricas, aos campos, a um bosque, a um vale, a qualquer rua.
No mundo da dança, tornou-se famosa por seus giros prodigiosos e pela maneira singular de dominar a técnica, transformando-se em protagonista de lendas.
Ainda hoje, alguns falam da “quinta posição Alonso” para se referir a uma posição específica dos pés, enquanto antigos amantes do balé guardam com carinho as vezes em que a viram se transformar em Giselle e Carmen.
Até o momento de sua morte, em 17 de outubro de 2019, a artista permaneceu ativa como professora, coreógrafa e diretora do BNC e do Festival Internacional de Balé de Havana, do qual participam os bailarinos mais renomados do mundo.
Poucos conheciam seu amor pelos animais, especialmente uma grande paixão por cães, assim como seu extraordinário senso de humor, que a levava a pregar peças em alguns de seus parceiros de cena.
Na juventude, pintou quadros e, desde criança, amava a cor azul e a literatura universal.
Além disso, sempre rejeitou a ideia de que os seres humanos habitam sozinhos este universo e contava entre seus desejos o de poder sentar-se no Malecón de Havana para desfrutar da brisa e do espetáculo das ondas, já que a fama a impedia de passar despercebida.
O Grande Teatro de Havana incorporou, desde 2015, o nome da ilustre artista à sua denominação.
Os aplausos e as ovações com que o público cubano recebia Alicia Alonso ao chegar a esse espaço, ou a qualquer teatro do país, também constroem uma lenda difícil de igualar.
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