Por Carmen Esquivel
Em entrevista concedida à Prensa Latina, Estenssoro destacou que estamos vivendo o colapso da hegemonia norte-americana, que já não é a potência emergente da Segunda Guerra Mundial e cuja alternativa para não perder a primazia é a força militar.
“Acredito que tempos extraordinariamente complexos e violentos se aproximam para nossa região. Isso está apenas começando”, afirmou o professor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Santiago do Chile (Usach).
Ele lembrou que, em seu último relatório sobre segurança estratégica, Washington aponta a América Latina como seu quintal e afirma que não permitirá a presença de forças extra-regionais.
À mobilização militar no Caribe, ao ataque a embarcações que causou a morte de cerca de 100 pessoas, à interferência no espaço aéreo da Venezuela, a Casa Branca acrescentou o assalto a um navio petroleiro em águas internacionais e um bloqueio naval contra esse país.
“A interferência dos Estados Unidos na região tem sido constante, mas Trump está indo além e pensando em desembarques militares”, alertou Estenssoro.
Ele destacou que o país vizinho propôs o Peru como principal aliado não membro da OTAN, há tropas nesse território, já está instalando bases e apoiou abertamente determinados candidatos à presidência para que o apoiem em sua política militar estratégica.
O acadêmico lembrou que a América Latina possui recursos naturais para o funcionamento de grandes complexos tecnológicos industriais, possui terras raras, lítio e petróleo.
Além disso, possui a Amazônia, que é a maior reserva de diversidade e riquezas, como a água, e é a região mais próxima da Antártida, que é outra grande reserva de recursos naturais e militares estratégicos.
“Hoje é a Venezuela, mas amanhã pode ser qualquer outro país”, alertou.
Questionado sobre a resposta às políticas de Trump, ele afirmou que a região está dividida, entre outras razões, pelos retrocessos da esquerda, que baixou suas bandeiras de luta anti-imperialista.
Eles acreditaram na história da globalização e esqueceram as razões que os mantêm como países subdesenvolvidos e periféricos, afirmou.
“A América Latina precisa acordar já desse tipo de sonho e entender que o que está em jogo é a soberania e a liberdade dos povos”, alertou o acadêmico da Usach.
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