Após sua rápida aprovação na semana passada pela Câmara dos Deputados, o texto foi colocado na agenda pelo presidente da assembleia senatorial, Davi Alcolumbre.
No entanto, os defensores do governo argumentam que a proposta, que altera a situação dos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, também beneficia criminosos envolvidos em facções criminosas.
Atualmente, a progressão do regime penitenciário para crimes não violentos oscila entre 16% e 20% da pena.
Em casos de violência ou ameaças graves, é necessário cumprir entre 25% e 30% da pena.
O projeto de lei aprovado pela Câmara dos Deputados padroniza a regra de um sexto: 16%, com exceção dos condenados por crimes hediondos.
Antes da votação, os parlamentares advertiram que apresentarão propostas paralelas para corrigir o que chamam de distorções legais aplicadas pelos legisladores.
Se o projeto de lei for alterado, ele retornará à Câmara dos Deputados, que terá a palavra final.
Se uma nova proposta for aprovada no Senado, o processo se inverte: o conteúdo passa para os deputados e a decisão final cabe aos senadores.
Nem mesmo os insistentes pedidos da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para adiar o debate conseguiram frear a proposta na agenda.
O líder do Partido dos Trabalhadores, Lindbergh Farias, criticou duramente o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, pela decisão de acelerar a votação, e este respondeu acusando a organização política de “incoerência histórica”.
Do lado bolsonarista (adeptos de Bolsonaro), o líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante, foi claro: o texto não representa a anistia desejada pela oposição, mas constitui “o passo possível”.
O relator Paulinho da Força defendeu a iniciativa como um “gesto de reconciliação” e um “caminho de equilíbrio” entre manter as condenações e conceder um perdão total.
Ele agradeceu ao ex-chefe de Estado Michel Temer e ao político Aécio Neves, e garantiu que o país não pode “viver eternamente preso ao seu passado recente”.
Seu relatório propõe reduzir o cálculo das penas, eliminar a acumulação entre os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito e flexibilizar a progressão do regime.
A versão apresentada descarta completamente a proposta inicial de Marcelo Crivella, que pedia uma ampla anistia para Bolsonaro, detido na sede da Polícia Federal na capital.
rgh/ocs/bm





