Por Carmen Esquivel
Jara, militante comunista, representa uma ampla coalizão da esquerda ao centro; enquanto Kast, do Partido Republicano, conta com o apoio do Social Cristão, da direita tradicional e do extremista Partido Nacional Libertário.
Ambos anunciaram que renunciariam à sua filiação partidária, caso fossem eleitos para a presidência do Palácio de La Moneda.
Embora a candidata da coalizão Unidad por Chile tenha vencido o primeiro turno, com 26,8% dos votos, contra 23,9% de Kast, todas as pesquisas apontam o segundo como vencedor virtual no segundo turno, embora seja preciso esperar o veredicto das urnas.
Em declarações à Prensa Latina, Fernando Estenssoro, doutor em Estudos Americanos pela Universidade de Santiago do Chile (Usach), referiu-se às causas do avanço da extrema direita no país.
De acordo com o especialista, os fatores são vários, mas talvez o mais importante seja que os governos definidos como progressistas, sobretudo o de Gabriel Boric, baixaram as bandeiras tradicionais da esquerda.
Esses governos abandonaram a luta latino-americanista, anti-imperialista, e se esqueceram um pouco da defesa dos direitos dos pobres, disse ele.
Entre os principais problemas do país, ele mencionou o desemprego, a desigualdade social e a extrema concentração de riqueza.
Por outro lado, ele disse que, na América Latina, há um aumento das migrações, um tema relativamente novo no Chile, bem como problemas de segurança que foram exagerados e tomados como bandeira pela extrema direita.
Questionado sobre se um eventual governo de Kast traria retrocessos nos direitos sociais, ele considerou que em questões de valores sim, porque eles se opõem ao aborto e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, posições conservadoras que afetam as liberdades individuais.
Em termos econômicos, ele acha que não haverá muitas mudanças porque, ao contrário de outras nações da região, o Chile é um país neoliberal e não acredita que eles queiram mudar isso.
Com relação à política externa, Kast disse que vai cortar relações com vários países, especialmente com governos que não se alinham com os Estados Unidos, alertou.
O candidato da extrema direita ameaçou com a expulsão em massa de cerca de 330 mil migrantes irregulares, militarizar as fronteiras, criar mais prisões e reduzir em seis bilhões de dólares os gastos públicos, o que provocará cortes em empregos e gastos sociais.
Jara defende o registro dos indocumentados, o fim do sigilo bancário para rastrear o dinheiro do narcotráfico, a modernização do Estado e a garantia de uma renda mínima de cerca de US$ 800 para os trabalhadores.
Entre essas duas visões de país, os chilenos deverão escolher hoje no segundo turno das eleições presidenciais, onde se prevê uma alta participação porque o voto é obrigatório e também se estima um alto nível de votos nulos ou em branco.
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