Após concluir a primeira fase de uma contagem caótica, marcada por falhas recorrentes no sistema de transmissão de resultados preliminares (TREP), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) se prepara para revisar, nas próximas horas, 2.773 atas eleitorais com irregularidades.
Com 99,40% das atas processadas, essa contagem preliminar mantém desde segunda-feira os candidatos de direita Salvador Nasralla, do Partido Liberal, e Nasry Asfura, do Partido Nacional, em uma disputa acirrada.
Apoiado abertamente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Asfura lidera a disputa com 1.298.835 votos (40,52%), uma ligeira vantagem sobre Nasralla, que obteve 1.256.428 votos (39,20%).
Em terceiro lugar — contrariando todas as projeções pré-eleitorais que a colocavam como uma das grandes favoritas — está a candidata à presidência pelo partido governista Partido Libertad y Refundación (Libre), Rixi Moncada, que obteve 618.448 votos (19,29%). O ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, afirmou na segunda-feira passada que, na contagem dos votos do Libre, o candidato liberal é o vencedor da disputa de 30 de novembro.
Através de uma mensagem publicada em sua conta no X, Zelaya, que é líder do Libre, indicou que, antes de tornar pública essa comunicação, consultou a candidata de seu movimento.
“Consultei nossa candidata Rixi Moncada para divulgar esta informação porque, de acordo com nossa própria contagem nacional das atas presidenciais, ata por ata, quem ganha a presidência é Salvador Alejandro César Nasralla Salum”, escreveu o ex-presidente (2006-2009) na referida rede social.
Com sua declaração, o coordenador geral do grupo progressista admitiu a derrota do Libre nas urnas, embora tenha desconhecido os resultados e denunciado um “golpe eleitoral” em andamento.
O ex-presidente se referiu a uma série de circunstâncias que, em sua opinião, alteraram “de forma brutal a intenção de voto que favorecia claramente a candidata Rixi Moncada”.
Entre elas, mencionou o perdão concedido por Trump ao ex-governante hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado nos Estados Unidos a 45 anos de prisão por tráfico de drogas, e a interferência do magnata norte-americano “em nosso sistema democrático”, com seu apoio público a Asfura.
Uma intromissão realizada durante o período de silêncio eleitoral, nas 72 horas anteriores às eleições, lembrou.
Ele também denunciou “a coação e as ameaças enviadas em 3,6 milhões de mensagens para os telefones de eleitores que recebem remessas dos Estados Unidos, somadas à comprovada extorsão das gangues” no processo eleitoral.
“O terrorismo eleitoral foi imposto por meio de um TREP manipulado, conforme ficou evidente nas 26 gravações que revelam o golpe eleitoral em andamento. Denunciamos com veemência: não aceitamos isso e, por causa dessas manobras sujas, exigimos que as eleições sejam anuladas”, enfatizou.
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