Quinta-feira, Dezembro 11, 2025
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Assembleia dos Povos aprovou compromissos na luta dos povos

Caracas, 11 dez (Prensa Latina) A Assembleia dos Povos pela Paz e Soberania da Nossa América concluiu na Venezuela com a aprovação de um manifesto que estabeleceu compromissos na luta atual dos povos.

Após dois dias de reflexões e debates em nove mesas de trabalho e com a participação de representantes de mais de 50 países, os delegados adotaram um documento que insta à construção de uma nova ordem mundial baseada na justiça, na independência e no fim do intervencionismo.

Os delegados de povos originários, governos, parlamentos, sindicatos, organizações juvenis, culturais, espirituais, comunitárias e movimentos sociais convocaram a forjar um mundo Sul articulado econômica e tecnologicamente.

Além disso, que rompa o bloqueio com produção, novas rotas comerciais, moedas e sistemas financeiros alternativos ao dólar.

Proporam consolidar Caracas como cidade de encontro permanente para assembleias, missões, acordos legislativos e articulações populares Sul-Sul, estabelecendo uma ponte entre a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos e os Brics+.

O texto divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela indicou que o manifesto prestou homenagem à resistência do povo cubano, que durante mais de seis décadas enfrentou bloqueios, invasões e campanhas de ódio sem renunciar à sua soberania.

Também reconheceu a “coerência ética de Fidel Castro como referência para as lutas atuais”.

A vice-presidente executiva da Venezuela, Delcy Rodríguez, ao intervir no fórum na véspera, apelou a que se levantassem as vozes pelos povos da nossa América Latina e das Caraíbas, e exemplificou “com a grande dignidade de Cuba, que há décadas resiste a um bloqueio ignominioso, odioso e criminoso”.

Se há alguém que pode dar lições ao Monroeísmo, é Cuba com seu “(José) Martí, com nosso comandante Fidel Castro, porque ele é o comandante dos povos livres não apenas da nossa região, mas do mundo”, afirmou.

Destacou que eles viram no líder histórico da Revolução cubana o farol, a luz, em momentos e décadas em que o capitalismo e o neoliberalismo faziam o que queriam nos espaços políticos de outras latitudes e do nosso continente.

O manifesto estabeleceu como compromissos políticos construir soberania cognitiva frente à guerra midiática e aos algoritmos, por meio de “uma constelação de meios populares e livres que desmantelem as notícias falsas e a manipulação”.

Declarar a paz como “território a ser conquistado”, denunciando cada base militar estrangeira em Nossa América como um espinho cravado e “assumindo a paz ativa como estratégia de combate contra a guerra”.

Da mesma forma, convocou a unir as lutas ecológicas e dos migrantes, na defesa da Mãe Terra e “reconhecendo nos deslocados as marcas da pilhagem, com o lema de que a Terra não é um recurso, mas um lar”.

Proporam, além disso, entregar à juventude “a chave das grandes avenidas”, reconhecendo-a como motor criativo e ator com voz e voto nas decisões estratégicas.

O documento reconheceu a Venezuela como “laboratório de resistências e farol de convocação” e destacou o legado de Simón Bolívar, a visão estratégica do comandante Hugo Chávez na construção de um mundo multipolar e o papel de Nicolás Maduro na articulação desta instância internacional. Como parte das decisões organizacionais, a Assembleia exigiu avançar na criação de uma Aliança Mundial dos Povos em Defesa da Soberania e da Paz, com capacidade de articular redes e movimentos em todos os continentes.

Declarar-se espaço permanente de coordenação internacional e criar uma Mesa Permanente de Coordenação, com sede em Caracas, que convocará “duas sessões ordinárias por ano e reuniões extraordinárias diante de qualquer ameaça à paz ou à soberania de uma nação”.

Da mesma forma, instou à instalação de um Sistema Mundial de Defesa da Verdade e da Comunicação dos Povos, com um Observatório contra a guerra cognitiva, núcleos em universidades, meios alternativos e brigadas internacionais de comunicação popular.

Impulsionar um Plano Mundial de Ação contra a Militarização e o Intervencionismo, que incluirá um Mapa Internacional de Ameaças à Paz e um Mecanismo de Resposta Política Rápida, bem como a promoção de um Estatuto de Defesa Coletiva da América Latina e do Caribe.

Exigiu a constituição da Frente Continental de Mobilidade Humana Digna e uma Rede Jurídica Internacional pelo Direito à Mobilidade Humana, além de um Fundo de Solidariedade da Grande Pátria para apoiar os migrantes.

Por fim, a Assembleia solicitou a adoção da Agenda Mãe Terra e Paz Climática e da Agenda Geração Genial 2035, que “integram conhecimentos ancestrais, ciência e liderança juvenil em defesa da justiça climática e da soberania digital”.

Para esta quinta-feira, está prevista uma visita dos delegados às comunas para conhecerem essas experiências, que buscam empoderar o Poder Popular como novo governo da Venezuela em seu caminho rumo ao socialismo bolivariano do século XXI.

Haverá também um encontro com pescadores no estado norteño de La Guaira, onde ao entardecer artistas nacionais e internacionais oferecerão um concerto pela soberania e pela paz de Nuestra América.

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