Terça-feira, Dezembro 09, 2025
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Novos confrontos na RDC deixam pelo menos 74 mortos

Kinshasa, 9 dez (Prensa Latina) A escalada dos confrontos na última semana na República Democrática do Congo (RDC), na província de Kivu Sul, deixou hoje pelo menos 74 mortos e 83 feridos, principalmente civis, de acordo com um relatório das Nações Unidas.

O coordenador humanitário da ONU na RDC, Bruno Lemarquis, denunciou o alarmante aumento da violência devido aos confrontos entre os rebeldes da Aliança do Rio Congo-Movimento 23 de Março (AFC/M23) e as Forças Armadas congolesas e seus aliados.

Em particular, referiu-se aos ataques realizados entre 2 e 7 de dezembro com armamento pesado e bombardeamentos em zonas povoadas, principalmente nos territórios de Uvira, Walungu, Mwenga, Shabunda, Kabare, Fizi e Kalehe; enquanto a continuidade dos combates impede a evacuação dos feridos.

Ele indicou que, nos últimos dias, também foram relatados ataques a infraestruturas civis, incluindo escolas, o que constitui uma grave violação do direito internacional humanitário.

“Estou profundamente consternado com o impacto devastador desses combates sobre a população civil. É imperativo evitar que mais vítimas se somem ao já trágico número de mortos”, afirmou Lemarquis em comunicado.

Ele acrescentou que o uso de armas explosivas em áreas povoadas e os ataques a infraestruturas civis estão causando uma perda inaceitável de vidas e devem cessar imediatamente. “Civis e infraestruturas civis não são alvos”, declarou.

De acordo com o coordenador humanitário, esta onda de violência provocou novos deslocamentos de pessoas, com uma estimativa inicial de mais de 200 mil que se deslocaram dentro da mesma província desde 2 de dezembro, enquanto milhares mais cruzaram a fronteira para países vizinhos, como Burundi e Ruanda.

As condições de vida dessas pessoas são precárias, com abrigos superlotados, maior risco de violência de gênero, propagação de doenças e acesso limitado a cuidados médicos; por isso, esses deslocamentos agravam a situação em uma província que abriga 1,2 milhão de refugiados internos.

“Em nome da comunidade humanitária, exorto todas as partes em conflito a respeitarem suas obrigações nos termos do direito internacional humanitário”, enfatizou Lemarquis.

Ele acrescentou que é preciso garantir a proteção dos civis, respeitar sua distinção nas operações militares e assegurar o acesso seguro, rápido e sem obstáculos dos atores humanitários para prestar assistência vital, incluindo atendimento médico aos feridos.

O aumento das ações bélicas ocorre após a ratificação do Acordo de Paz assinado em Washington, Estados Unidos, pelos presidentes da RDC e Ruanda, no último dia 4 de dezembro.

O coordenador humanitário destacou a importância do instrumento para alcançar a paz, “mas para que essa esperança se torne realidade, a violência deve cessar imediatamente e os compromissos assumidos devem se traduzir em ações concretas no terreno”, enfatizou.

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