Terça-feira, Dezembro 09, 2025
NOTÍCIA

Governo de Milei em ofensiva contra entidades de direitos humanos

Buenos Aires, 9 dez (Prensa Latina) Defensores dos direitos humanos na Argentina celebrarão na quarta-feira seu Dia Internacional envolvidos em um duro confronto com o governo de Javier Milei, que se prepara para aprofundar sua batalha cultural ideológica contra essas organizações.

De fato, o governo não informou sobre o programa previsto para comemorar a data no Museu Sitio de la Memoria ESMA, enquanto na segunda-feira soube-se que nesta terça-feira o executivo anunciará o novo subsecretário de Direitos Humanos que substituirá o ex-juiz Alberto Baños, que renunciou na última quinta-feira.

Baños renunciou após forte polêmica por suas declarações no Comitê contra a Tortura das Nações Unidas, no qual negou o desaparecimento de 30 mil argentinos durante a última ditadura civil-militar, o que lhe rendeu duras críticas.

Os organismos de direitos humanos argentinos vêm denunciando desde o ano passado cortes em seus fundos, o abandono das políticas nessa área, demissões em massa e severa hostilidade ideológica por parte do governo libertário.

O novo responsável pela Subsecretaria de Direitos Humanos terá como principal tarefa aprofundar o que o executivo concebe como uma nova fase de ajustes nessa área, segundo antecipou o jornal La Nación.

Ele também mencionou que organizações de direitos humanos vêm denunciando hostilidade ideológica desde que o presidente Javier Milei chegou à Casa Rosada.

A essa ação ideológica soma-se a progressiva escassez de fundos e a evidente deterioração dos edifícios e atividades ligados à lembrança dos horrores do terrorismo de Estado, cujos principais líderes foram condenados pela Justiça em 9 de dezembro de 1985, há exatamente quatro décadas.

A evidência desse abandono é visível nos edifícios da antiga ESMA, local que a junta militar utilizou como campo de concentração, tortura e morte, e que foi recuperado como símbolo para preservar a memória em 2015.

O complexo conta com 20 edifícios, cada um deles atribuído a entidades como as duas vertentes das Madres de Plaza de Mayo, as Abuelas de Plaza de Mayo e o grupo Hijos, entre outras. É também um museu de história contemporânea que mostra os horrores vividos pela Argentina durante a ditadura e outros acontecimentos como a Guerra das Malvinas.

Líderes de direitos humanos denunciaram que cerca de 800 funcionários desse setor foram demitidos no ano passado e neste ano. Aqueles que permaneceram trabalhando tiveram seus salários consideravelmente reduzidos.

Eles foram demitidos do Museu Sitio de Memoria ESMA, do Arquivo Nacional da Memória e do Banco Nacional de Dados Genéticos.

Para justificar sua política de demissões nessas instituições, o governo alega que eles eram militantes. Outra medida adotada pelo executivo, que suscitou duras críticas, foi rebaixar a Secretaria de Direitos Humanos para subsecretaria.

lam/mh/bm

RELACIONADAS

Edicão Portuguesa