Por Carmen Esquivel
José Antonio Kast, do extremista Partido Republicano, e Jeannette Jara, representante da esquerda, da social-democracia e da Democracia Cristã, se enfrentarão nesta terça-feira em um programa organizado pela Associação Nacional de Televisão (Anatel).
Jara chega ao encontro com o aval de ter vencido no primeiro turno, mas Kast é considerado o favorito nas pesquisas pelo apoio à sua candidatura da direita e da extrema direita.
“Acredito que esta é uma eleição que ainda está por ser definida, apesar de todas as pesquisas mostrarem claramente que Kast se imporia”, declarou à Prensa Latina o analista político Víctor Osorio.
Lembrou que as pesquisas de opinião mostram um percentual significativo de indecisos em eleições com voto obrigatório.
Por outro lado, disse ele, Kast tem evitado debates e trocas de ideias e, no último encontro convocado pela Associação de Radiodifusores, ficaram muito evidentes as fraquezas do candidato, mesmo em temas centrais de sua campanha, como a questão da migração.
Sua ideia de expulsar em massa 350 mil migrantes carece de fundamento técnico, é uma proposta populista, declarou.
Em sua conversa com esta agência, o também jornalista referiu-se ainda à rejeição provocada pela posição do candidato da extrema direita de perdoar presos em Punta Peuco por graves violações dos direitos humanos durante a ditadura (1973-1990). O Chile assinou compromissos internacionais segundo os quais os crimes contra a humanidade são imprescritíveis, afirmou.
Alertou que há uma contradição nas propostas do candidato. Por um lado, ele apela ao combate ao crime organizado e, por outro, envia um sinal de que aqueles que cometeram crimes atrozes podem ser perdoados.
Osorio lembra que nas eleições do próximo domingo os chilenos têm a opção de escolher entre dois caminhos diferentes de como entender o desenvolvimento do país.
Jeannette Jara defende a construção de um Estado que proteja a sociedade, garanta direitos sociais e avance na redistribuição da riqueza.
José Antonio Kast tem uma proposta neoliberal em que o Estado perde seu papel protetor e maiores garantias são dadas ao investimento privado, e a experiência tem demonstrado que essa fórmula gera desigualdades sociais.
Em matéria de segurança, relevante para a população, Kast defende mão dura para perseguir o crime organizado, mas esse é um tema que também requer a remoção das condições sociais que o geram.
Nesse sentido, Jara defende o fim do sigilo bancário para rastrear o dinheiro e a criação de condições de inclusão social que impeçam os setores mais vulneráveis da população de ver o crime como um caminho, disse ele.
Sobre o debate de hoje convocado pela Anatel, o analista considera que ele terá influência, pois os poucos encontros realizados ao longo da campanha demonstraram ter alta audiência, foram acompanhados pela população e isso demonstra que a população tem interesse ou dúvidas sobre em quem votar.
lam/car/bm





