Segunda-feira, Dezembro 08, 2025
NOTÍCIA

Caso Malvinas: um ano do desaparecimento de quatro menores no Equador

Quito, 8 dez (Prensa Latina) O Equador exige justiça um ano após o desaparecimento de quatro menores do bairro de Malvinas, na cidade equatoriana de Guayaquil, um caso que comoveu o país.

Grupos sociais e familiares das vítimas realizarão nesta segunda-feira manifestações e atos comemorativos em várias cidades do Equador, onde denunciarão a atuação dos militares no contexto da crise de segurança.

Também para esta segunda-feira está prevista a retomada do julgamento para encontrar os culpados pelo desaparecimento e posterior assassinato dos meninos, processo no qual estão envolvidos 17 militares.

Em 8 de dezembro de 2024, os irmãos Josué e Ismael Arroyo, de 14 e 15 anos, Saúl Arboleda, de 15 anos, e Steven Medina, de 11 anos, desapareceram após serem detidos por membros da Força Aérea Equatoriana na avenida 25 de Julho, no sul da cidade de Guayaquil.

Desde aquele dia, ninguém mais viu os meninos até que seus corpos carbonizados foram encontrados em Taura, cantão de Naranjal, na província de Guayas, área onde, aparentemente, foram abandonados pelos militares.

Seus corpos foram encontrados sem vida em 24 de dezembro de 2024 e sua identidade foi confirmada no último dia daquele ano.

A captura dos quatro adolescentes ocorreu em meio ao conflito armado interno declarado em janeiro de 2024 pelo presidente Daniel Noboa, que instruiu os militares a se unirem às operações de combate ao crime organizado.

O processo judicial teve início no último dia 5 de novembro e encontra-se na fase de alegações finais, enquanto a Promotoria apresentou dezenas de provas testemunhais, periciais e documentais.

Os militares, por sua vez, ofereceram versões contraditórias, alguns negaram que os menores tenham sido agredidos e outros detalharam como eles foram vítimas de atos de violência, tortura e ameaças.

De acordo com o relato de um perito policial, os meninos foram deitados de bruços no chão, receberam golpes e foram obrigados a se despir.

Um dos militares disparou perto do mais novo e eles foram intimidados por outro uniformizado que lhes disse que haviam chegado “ao lugar onde iriam morrer”, de acordo com o relato citado na mídia local.

Organismos internacionais expressaram preocupação com o caso, que inicialmente foi classificado como desaparecimento forçado, mas depois essa denominação foi revogada.

O Comitê contra o Desaparecimento Forçado das Nações Unidas ampliou as medidas cautelares em favor das famílias dos quatro menores e observou que, apesar de haver um julgamento em andamento, não há evidências de avanços no esclarecimento do caso, a autópsia não esclareceu a causa das mortes e não foram realizadas perícias adicionais.

ro/avr/bm

RELACIONADAS

Edicão Portuguesa