Segunda-feira, Dezembro 08, 2025
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Bolívia critica prisão de ex-deputada acusadora de massacres

La Paz, 8 dez (Prensa Latina) Setores populares bolivianos criticam hoje a permanência na prisão de Obrajes, em La Paz, da ex-deputada indígena Lidia Patty, principal acusadora no julgamento Golpe I pelos massacres de Sacaba e Senkata (2019).

A vereadora municipal de El Alto, Vilma Alanoca, lamentou a prisão de Patty em via pública, com ampla cobertura da mídia e entrevistas na televisão nacional a representantes da direita, que reiteram que a ex-legisladora (2018-2020) se deixou usar pelo Movimento ao Socialismo (MAS) para realizar perseguição política.

Alanoca alertou que se trata de um linchamento midiático contra Patty como parte da perseguição política do atual governo contra o movimento indígena originário.

No último sábado, pela segunda vez, a justiça negou a Patty o direito de se defender em liberdade e determinou sua prisão preventiva por quatro meses enquanto continua a investigação por um suposto desvio do antigo Fundo de Desenvolvimento Indígena.

Durante a audiência de medidas cautelares, os argumentos da defesa foram descartados e as provas da parte denunciante foram levadas em consideração.

Os juízes informaram que a audiência foi marcada porque, supostamente, a ex-deputada recebeu em uma conta pessoal cerca de 700 mil bolivianos (cerca de 100 mil dólares) para um projeto de produção de tomate e batata.

Além disso, o Ministério Público Departamental de La Paz anunciou uma segunda investigação contra ela, relacionada ao recebimento de 650 mil bolivianos (93 mil dólares) destinados a um projeto de produção de mel, que não foi executado na íntegra.

Após a vitória eleitoral do MAS em 2020, Patty apresentou uma acusação pelos eventos ocorridos após a assinatura do decreto supremo 4078 (conhecido como da morte) 48 horas depois que Jeanine Áñez assumiu a presidência do Senado e do país, sem levar em conta a maioria parlamentar do MAS, a quem cabia legalmente.

A lei isentou militares e policiais de responsabilidade criminal pela violência aplicada contra aqueles que reivindicavam a restauração da ordem constitucional após a derrubada do ex-presidente Evo Morales em 2019. Como resultado, ocorreram os massacres de Senkata, Sacaba e Pedregal, com um saldo de cerca de 40 mortos e centenas de feridos por armas de fogo.

No entanto, após a vitória da direita nas eleições gerais de agosto deste ano, o Supremo Tribunal de Justiça ordenou a libertação de Jeanine Áñez, do governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, e do ex-cívico de Potosí Marco Antonio Pumari, os principais acusados, e Patty é agora quem permanece atrás das grades, no que seus apoiadores consideram uma vingança da direita, hoje no poder.

ro/jpm/bm

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