Quarta-feira, Dezembro 03, 2025
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Indígenas do Equador exigem informações sobre mortes durante greve

Quito, 1 dez (Prensa Latina) O movimento indígena do Equador exige informações sobre as operações militares e policiais em que duas pessoas morreram durante a recente greve nacional, mas a justiça adiou a audiência sobre o assunto inicialmente prevista para hoje.

A audiência havia sido convocada após um pedido de acesso à informação pública apresentado pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie). No entanto, neste domingo, uma juíza aceitou adiar a sessão para uma nova data que será informada “oportunamente”.

A organização indígena, que impulsionou os protestos contra as medidas econômicas do governo de Daniel Noboa, exige que as autoridades revelem detalhes das operações realizadas em Cotacachi e Otavalo, onde morreram Efraín Fuerez e José Alberto Guamán.

Apesar da convocação, o Executivo solicitou o adiamento da audiência, alegando que o caso requer uma “avaliação técnica e jurídica interinstitucional” e que o Estado precisa de mais tempo para reunir informações e preparar sua defesa.

A Conaie se opôs ao adiamento e sustentou que entidades como a Presidência e o Ministério da Defesa contam com amplas equipes jurídicas, pelo que não podem alegar falta de tempo.

A ação apresentada pelo coletivo indígena exige documentação detalhada sobre as operações realizadas no dia das mortes, incluindo listas de policiais e militares, ordens emitidas, relatórios operacionais, instruções para o controle de manifestações e outros dados.

O advogado Washington Andrade, que representa a Conaie, destacou que essa informação é importante para preparar e avançar na investigação de possíveis crimes contra a humanidade por execuções extrajudiciais, tanto a nível nacional como internacional.

O movimento indígena do Equador liderou durante 31 dias, de 22 de setembro a 22 de outubro, uma greve com protestos e bloqueios de estradas em várias províncias, principalmente Imbabura, contra as medidas econômicas do governo de Daniel Noboa.

Nesse contexto, a Aliança de Organizações pelos Direitos Humanos documentou 391 violações durante o mês de mobilizações, fundamentalmente pelo uso abusivo da violência estatal contra manifestantes, comunidades, líderes sociais e população de diferentes cidades do país.

A ação das forças de segurança nas manifestações deixou um total de três mortos: Fuerez, Guamán e Rosa Paqui, esta última vítima dos gases lacrimogêneos, e os dois jovens indígenas, vítimas de tiros.

otf/avr/bm

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