Quinta-feira, Novembro 27, 2025
NOTÍCIA

Prisão de golpistas obriga direita no Brasil a buscar novo líder

Brasília, 27 nov (Prensa Latina) A prisão definitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro e de altos comandos militares por conspiração golpista marca hoje uma ruptura histórica com a tradição brasileira de proteger e conciliar com líderes que atentaram contra a democracia.

É o que avalia a politóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mayra Goulart, durante entrevista ao Conexão BdF, na rádio do portal Brasil de Fato.

“É uma ruptura com a tradição de conciliação e pactos, e de continuidade para aqueles que, de alguma forma, estiveram envolvidos em atividades golpistas e anti-institucionais”, afirmou Goulart.

O Supremo Tribunal Federal encerrou na terça-feira o processo judicial contra Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão, e seis aliados, incluindo generais.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, decidiu que o ex-presidente cumprirá sua pena na Superintendência da Polícia Federal nesta capital, onde já se encontrava em prisão preventiva desde sábado. A decisão foi ratificada por unanimidade na primeira sala do tribunal.

A acadêmica lembra que períodos como o Estado Novo e a ditadura militar (1964-1985) mantiveram estruturas e líderes golpistas em circulação, o que contribuiu para perpetuar ideologias antidemocráticas.

Segundo Goulart, “esse episódio de prisão deve continuar, deve dar continuidade a essa proposta de pôr fim à fase golpista, à fase antidemocrática da nossa história”, afirmou. E, para isso, afirmou, é importante recorrer a esses focos de pensamento e desencorajar a formação de centros de pensamento golpistas.

Ao avaliar o impacto eleitoral da prisão, a professora apontou que esse cenário põe fim ao ciclo político da família Bolsonaro nas disputas majoritárias.

“Essa prisão freia a viabilidade eleitoral de Jair Bolsonaro. Um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, também caminha para a inelegibilidade”, indicou, referindo-se ao congressista acusado perante o Supremo Tribunal Federal. Ela também apontou os obstáculos para os outros. “Flávio Bolsonaro (outro filho do ex-presidente) é acusado de vários crimes de corrupção no estado do Rio de Janeiro”.

E Carlos Bolsonaro tem instabilidades psicológicas que também dificultam esse processo, analisou, citando o senador e o vereador do Rio, respectivamente.

Com isso, a cientista política considera improvável que algum membro da família esteja na disputa presidencial.

“Não parece que sejam os próprios familiares que levantam essa bandeira (da extrema direita no Brasil)”, concluiu.

Para Goulart, a direita atravessa um momento de crise de liderança porque seu antigo polo hegemônico — Jair Bolsonaro — nunca exerceu um papel estratégico verdadeiro nem conseguiu influenciar de forma consistente outros parlamentares, apesar de ter guiado o rumo do setor de maneira errática, ressaltou.

mem/ocs/bm

RELACIONADAS

Edicão Portuguesa