Segunda-feira, Novembro 17, 2025
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Cuba na COP30: A Voz do Sul Global e a Urgência da Ciência (+Foto)

Belém, 17 nov (Prensa Latina) Cuba está determinada a defender a voz do Sul Global na COP30 e demonstrar como a ciência, a resiliência social e a união sustentam sua política ambiental em um cenário global marcado por desigualdades.

Essa é a declaração do Ministro da Tecnologia e do Meio Ambiente, Armando Rodríguez, em uma longa entrevista ao jornal Inverta, com a convicção de quem carrega décadas de experiência científica.

Ele retribui a calorosa recepção do Brasil e imediatamente foca no que considera o verdadeiro cerne da luta climática: a desigualdade.

A delegação cubana está em Belém com “a voz do Sul Global, dos pequenos estados insulares e das nações em desenvolvimento”, enfatiza o ministro, acrescentando que a mudança climática não é apenas um desafio ecológico, “tornando-se um desafio econômico e social para países como o nosso”.

Nessa perspectiva, Havana apresenta os fundamentos científicos de sua política ambiental, e seu representante descreve como os estudos de perigo, vulnerabilidade e risco, desenvolvidos até o nível municipal, moldam as decisões públicas estratégicas diante da elevação do nível do mar, furacões extremos e proteção da biodiversidade.

Com a atualização de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC 3.0), a ilha possui um ambicioso programa para instalar 2.000 megawatts (MW) de energia solar fotovoltaica, com 200 MW de capacidade de armazenamento, até 2026.

Também assume compromissos como programas de reflorestamento de manguezais, o aumento sustentado da cobertura florestal e transformações nos setores de energia, agricultura e transporte.

Na entrevista, Rodríguez não se esquiva do tema. O embargo dos Estados Unidos contra Cuba “é a maior dificuldade enfrentada pela política ambiental cubana, pois limita o acesso à tecnologia, ao financiamento e ao comércio”.

Diante dessa realidade, a maior das Antilhas sustenta sua ciência com recursos próprios: 50 universidades, mais de 200 centros de pesquisa e um ecossistema científico que considera uma “conquista da Revolução”.

O ministro recorda com emoção a Cúpula da Terra no Rio de Janeiro (1992), quando o discurso do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, impactou o fórum: “Para nós, esse discurso é a pedra angular da política ambiental cubana”.

Ele o cita de memória: “Eliminar a fome, não o homem”. Essa persistência, argumenta, faz parte do cotidiano do país. “Continuidade para nós é vida cotidiana”, esclarece.

Na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, onde a floresta tropical respira preocupação e esperança, Cuba se apresenta mais uma vez como uma pequena nação que busca falar por muitos, apostando na ciência e na união para enfrentar um desafio planetário.

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