Sexta-feira, Novembro 07, 2025
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Supremo do Brasil inicia julgamento do recurso de Bolsonaro

Brasília, 7 nov (Prensa Latina) A primeira turma do Supremo Tribunal Federal do Brasil começa hoje a julgar o recurso apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro contra sua condenação a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe.

Esse painel, em sessão plenária virtual que se estenderá até 14 de novembro, também examinará os recursos de outros seis acusados do chamado núcleo um da conspiração.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, será o primeiro a emitir seu voto, seguido pelos magistrados Cármen Lúcia Antunes, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

O tribunal confirmou que Luiz Fux, que votou contra a condenação no processo anterior, não participará nesta fase após sua transferência para a segunda sala do tribunal.

Formalmente um pedido de esclarecimento, a solicitação tem como objetivo apontar possíveis contradições, erros ou omissões na sentença, mas não tem o poder de reverter a condenação.

O Supremo Tribunal Federal considerou provado que Bolsonaro liderou uma organização criminosa armada e participou da tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além de instigar danos agravados, ameaças graves e deterioração do patrimônio público.

Aos 70 anos, o ex-presidente não começará a cumprir sua pena até que se esgotem as instâncias de recurso. Sua equipe jurídica solicitou prisão domiciliar alegando problemas de saúde.

De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o governo do Distrito Federal solicitou a Moraes que Bolsonaro seja submetido a uma avaliação médica antes de sua eventual entrada na prisão.

Os advogados do político de extrema direita sustentam que a sentença foi “injusta e desproporcional”, denunciando a falta de tempo para analisar as provas e as restrições ao direito de defesa.

Da mesma forma, eles tentam desacreditar o depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, peça-chave na acusação.

Em sua argumentação, a defesa afirma que o governante teria “abandonado voluntariamente” qualquer tentativa de ruptura institucional após reuniões com as Forças Armadas e que, pelo contrário, adotou “uma postura pública de desânimo” diante dos bloqueios e manifestações que culminaram nos episódios golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Além disso, insiste que não foi comprovada sua ligação com o plano para assassinar autoridades nem sua participação na chamada Operação Mundial 2022, que os investigadores consideram parte da tentativa de golpe.

O resultado do processo definirá não apenas o futuro judicial de Bolsonaro, mas também o tom da relação entre o Supremo e os setores mais radicais do bolsonarismo (adeptos do ex-capitão do Exército), em um Brasil que ainda tenta fechar as feridas institucionais de 8 de janeiro.

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