Quinta-feira, Outubro 30, 2025
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Supremo do Brasil pede explicações ao governador do Rio pelo massacre

Brasília, 30 out (Prensa Latina) O juiz Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal do Brasil, ordenou ao governador Cláudio Castro que explique a operação policial no Rio de Janeiro que até hoje deixou 121 mortos e convocou uma audiência.

Moraes determinou que Castro apresente uma série de esclarecimentos sobre a manobra policial. Ele exige que ele explique a ação ponto por ponto, conforme solicitado pelo Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH).

Para isso, o magistrado marcou uma audiência para 3 de novembro, com horários específicos para o governador, os policiais e outras pessoas envolvidas. O ministro será responsável por conduzir a audiência.

A decisão de Moraes faz parte da chamada ADPF das Favelas (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental das Favelas), que está em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

A ADPF das Favelas é a ação que monitora o problema da letalidade policial no Rio.

Desde setembro, quando o juiz Edson Fachin assumiu a presidência do Supremo Tribunal, ela estava a cargo do magistrado Luís Roberto Barroso.

Com a aposentadoria de Barroso e a falta de nomeação de um novo ministro, o caso ficou sem relator. Diante dessa ausência, a responsabilidade foi transferida para Moraes, que irá administrá-la até que o próximo advogado ocupe o lugar de Barroso.

No comunicado apresentado pela CNDH, lembra-se a aprovação parcial do plano para reduzir a letalidade policial e exige-se o respeito pelos princípios da proporcionalidade no uso da força, bem como a instalação de dispositivos de gravação nos uniformes e veículos policiais.

O conselho ressalta que, mesmo com essa decisão, a operação policial no Rio ocorreu na terça-feira.

A megaoperação, descrita como uma nova etapa da Operação Contenção nos complexos habitacionais de Alemão e Penha, deixou um saldo de 121 mortos, segundo dados da polícia, e 132, de acordo com a Defensoria Pública, entre eles quatro agentes.

Além disso, foram realizadas 113 detenções.

A operação policial no Rio supera o chamado Massacre de Carandiru e se torna a mais mortal do país.

Aquele massacre, em 1992, marcou o ponto alto da repressão policial no sistema penitenciário brasileiro.

Naquele dia, 341 policiais de choque invadiram o pavilhão nove do centro penitenciário de São Paulo para reprimir uma rebelião.

Foram disparados 3.500 tiros em 20 minutos, deixando 111 presos mortos, muitos deles executados à queima-roupa.

O episódio inspirou um livro, um filme e se tornou um símbolo internacional da violência institucional no Brasil.

Os dois casos se desenvolvem em contextos muito diferentes: um dentro do sistema penitenciário e outro em uma área urbana central, em confronto direto com o tráfico de drogas.

ga/ocs/bm

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