La Paz, 2 out (Prensa Latina) Inaugurada no Centro Cultural Simón Rodríguez, na Bolívia, a exposição Arte Plumaria-Murallas constitui hoje uma crítica ao bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba e um apelo à solidariedade com a Venezuela.
Por Jorge Petinaud Martínez
Correspondente-chefe na Bolívia
Ao intervir na instituição, anexa à embaixada da Venezuela na Bolívia, perante uma ampla representação do corpo diplomático e dezenas de convidados, o chefe dessa missão, César Trómpiz, destacou a rica trajetória acadêmica e artística da máxima representante da arte plumaria no país andino amazônico.
“Bravo compreendeu na Europa que nosso continente constitui o espaço por excelência da arte plumária e, após 40 anos de exílio, veio para a Amazônia para aprofundar sua essência e colocá-la a serviço da melhoria social”, afirmou o embaixador.
Trómpiz destacou que, por meio dessa técnica e com alto valor artístico, a partir da solidez de sua formação acadêmica, Bravo reflete nesta exposição o bloqueio econômico, comercial e financeiro dos Estados Unidos contra Cuba, a repressão nesse país contra os emigrantes e, com especial dramatismo, o genocídio que Israel comete contra o povo palestino.
Em particular, o embaixador agradeceu que, com a exposição, também tenha sido aberto um livro para assinaturas em solidariedade com a Venezuela, em rejeição à militarização do Mar do Caribe por Washington e às ameaças contra a Revolução Bolivariana.
Uma iniciativa solidária semelhante teve início na véspera na embaixada de Cuba na Bolívia, com a participação de todo o seu pessoal.
Por sua vez, Bravo explicou, em entrevista concedida à Prensa Latina, que “o material que utilizo nessas obras são penas entrelaçadas de aves domésticas, com as quais identifico os migrantes discriminados, perseguidos e deportados”.
Ele acrescentou em sua conversa com esta agência de notícias que cada quadro reflete muros trançados, tecidos e sobrepostos, criados com tecidos, metal, vegetais e papel, materiais que contrastam com a delicadeza das penas e magnificam a crueza dos muros.
Ele disse que está preocupado com a imposição de muros físicos e barreiras de outro tipo (como o bloqueio econômico, comercial e financeiro contra Cuba) e ressaltou que, de acordo com suas pesquisas, essas barreiras somam mais de 80 no mundo, por isso escolheu penas com as cores das bandeiras de cada país onde esses elementos divisórios existem.
“Concentrei-me nos países da América Latina e do Caribe, Estados Unidos-México, Argentina-Bolívia, Venezuela-Guiana (Exxon Mobil), onde existem conflitos territoriais ou bloqueios econômicos, comerciais e financeiros, como contra Cuba, Nicarágua e Venezuela”, descreveu.
Ele esclareceu, no entanto, que fez uma exceção em relação à Palestina, onde, segundo ele, ocorre um genocídio, um “educídio”, um ecocídio, um culturicídio e todas as formas possíveis de destruição na Faixa de Gaza.
Em relação à América Latina e ao Caribe, enfatizou a importância de que se mantenha como uma zona de paz, conforme aprovado em 2014 em Havana pelos líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), acima da diversidade política e ideológica.
“Esta garantia pacificadora hoje está em perigo devido à presença de uma esquadra naval que inclui um submarino nuclear, milhares de militares e 1.200 mísseis de longo alcance perto da Venezuela, por isso espero que minha exposição contribua para a paz”, comentou.
Bravo insistiu que esta exposição é um alegato contra as barreiras que se pretendem impor entre a Bolívia e a Argentina; entre os Estados Unidos e o México e também contra outras muralhas invisíveis, como o bloqueio que assedia os cubanos há mais de seis décadas.
“As barreiras nos limitam, bloqueiam o caminho da vida, são um símbolo de opressão!”, concluiu a artista, maior expoente da arte plumária na Bolívia.
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