Milei e sua equipe negaram os vetos, assim como a parcela dos impostos sobre combustíveis, e os usaram como chantagem — acreditam analistas políticos — ao concedê-los a quatro governadores aliados na segunda-feira, como forma de convencer outros governadores provinciais a aceitá-los em troca de apoio para manter sua rejeição à legislação.
A revogação desse veto já recebeu aprovação preliminar da Câmara dos Deputados e, se a Câmara Alta consolidar sua posição, será mais um duro golpe para o presidente libertário, que viu sua severa política de austeridade ser retumbantemente interrompida pelo Congresso, que respondeu às demandas do movimento popular nas ruas.
Na quarta-feira, a Câmara dos Deputados derrubou os vetos de Milei a duas leis sensíveis para o povo argentino: a Emergência Pediátrica e o Financiamento Universitário, gerando enorme júbilo entre os presentes na grande manifestação que se reuniu na Plaza de los Dos Congresos e em vários quarteirões da Avenida de Mayo, bem como nas ruas adjacentes.
As votações foram históricas; nunca antes um veto presidencial havia sido rejeitado por 181 votos a favor e 60 contra, como aconteceu com a lei que financia a assistência médica pediátrica e melhora os salários do pessoal médico e administrativo do Hospital Dr. Garrahan.
Por outra margem sem precedentes, a Câmara dos Deputados derrubou o veto presidencial à iniciativa que estipula verbas para o funcionamento das universidades públicas e restaura os salários de professores e funcionários não docentes, que estavam congelados desde o ano passado.
Após esses resultados, o Senado decidiu debater e votar a resolução de revogação na próxima quinta-feira, 2 de outubro, e assim concluir a aprovação das leis vetadas por Javier Milei. Nessa casa, a oposição tem uma maioria mais consolidada.
Agora, Milei não terá escolha a não ser promulgar essas leis ou suspendê-las por mais algum tempo, já que ameaçou processá-las.
Mas a ofensiva legislativa contra o Executivo não parou por aí: a oposição ampliada, agora apoiada por ex-libertários e legisladores decepcionados com o governo Milei, também apresentou projetos de lei relacionados à investigação das centenas de mortes causadas por fentanil contaminado, às propinas supostamente cobradas pela Presidência e à reforma da Lei de Decretos de Necessidade e Urgência (DNU).
Diante da campanha bem-sucedida da oposição, o presidente da Câmara, leal ao Executivo libertário, utilizou uma manobra para suspender inesperadamente a sessão legislativa e, assim, impedir a revogação de outras quatro DNU emitidas pelo Presidente Milei.
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