As manifestações começaram no domingo com uma peregrinação da Plaza de los Héroes (Praça dos Heróis), ao redor do Palácio de La Moneda, sede presidencial, e seguiram em direção ao Cemitério Geral.
Apesar das baixas temperaturas e da chuva persistente, milhares de pessoas participaram da tradicional peregrinação em memória dos assassinados, detidos e desaparecidos durante os 17 anos do regime de Augusto Pinochet (1973-1990).
“Hoje lembramos as vítimas do terrorismo de Estado, da ditadura civil-militar, e dizemos civis porque foram os instigadores do golpe e gozam de total impunidade”, disse Alicia Lira, presidente da Associação de Familiares de Execuções Políticas.
Em declarações à Prensa Latina, a ativista e condecorada com a Medalha de Direitos Humanos e Democracia lembrou que, 52 anos após aqueles acontecimentos, o paradeiro de mais de 1.100 pessoas ainda é desconhecido.
Ao longo da semana, também ocorreram manifestações no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em locais históricos, como a Villa Grimaldi, e no Estádio Nacional, que serviu como campo de concentração após o golpe militar.
Enquanto isso, na quinta-feira, representantes de organizações sociais, partidos políticos e familiares das vítimas depositaram coroas de flores no monumento ao presidente Salvador Allende, na Praça da Constituição.
Em 11 de setembro de 1973, as Forças Armadas, com o apoio da oligarquia e dos Estados Unidos, bombardearam o Palácio de La Moneda e deram um golpe contra o governo de Allende, mergulhando o país em um de seus períodos mais dolorosos.
De acordo com a Comissão da Verdade, cerca de 40.000 crimes contra a humanidade foram registrados durante a ditadura, incluindo prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos.
A família de Allende, membros do Grupo de Amigos do Presidente (GAP), representantes de organizações sociais, partidos políticos e autoridades participaram esta semana de um evento comemorativo no Palácio de La Moneda.
Discurso na cerimônia, o presidente chileno Gabriel Boric destacou o legado de Allende, sua luta pela justiça social, contra a desigualdade e seus programas em benefício dos mais vulneráveis.
Boric reafirmou o compromisso do Estado com a busca por desaparecidos e anunciou o uso de tecnologias modernas, incluindo drones, para avaliar os movimentos terrestres nos últimos 50 anos e, assim, realizar escavações, na esperança de encontrar seus restos mortais.
Outra decisão é promover o projeto de lei que cria o estatuto jurídico de “pessoas desaparecidas por desaparecimento forçado”, que se aplicará não apenas aos casos ligados à ditadura, mas também aos mais recentes.
oda/car/bj