Terça-feira, Setembro 09, 2025
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Brasil confirma tentativa de golpe, julgamento de Bolsonaro prossegue

Brasília, 9 set (Prensa Latina) O juiz Alexandre de Moraes confirmou hoje que houve uma tentativa de golpe de Estado no Brasil após as eleições gerais de 2022, ao intervir na retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).

O magistrado, relator do caso, ressaltou que a questão já não é se houve conspiração, pois essa “materialidade criminal” foi previamente reconhecida pelo STF em condenações relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Ele também lembrou os mais de 500 acordos de não processamento formalizados.

O que se discute agora é a autoria dos fatos e a responsabilidade individual dos acusados.

No chamado núcleo um ou principal, figuram oito pessoas apontadas como cruciais na trama golpista, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro, que mais uma vez esteve ausente da sessão.

De Moraes diferenciou, durante seu voto, os crimes de abolição do Estado Democrático de Direito e de tentativa de golpe de Estado.

Explicou que, no segundo caso, o objetivo direto é o Poder Executivo eleito e não apenas a desestabilização institucional. Segundo o juiz, “são coisas completamente diferentes” e essa precisão é fundamental para entender a gravidade das acusações.

Acrescentou que o STF já havia deixado claro que existia uma organização criminosa estruturada com o objetivo de quebrar a ordem constitucional.

Apresentou comparações entre provas, acusações e defesas, buscando demonstrar como os acusados agiram em conjunto.

Apontou o uso indevido de órgãos públicos para vigiar os opositores e minar o sistema eleitoral brasileiro.

Entre os exemplos citados estão transmissões ao vivo com desinformação, entrevistas de grande alcance e discursos contra o Tribunal Superior Eleitoral.

Também se destacou a reunião com embaixadores em julho de 2022, usada como plataforma de ataques.

Ele mencionou o protesto de 7 de setembro de 2022 e o papel da Polícia Federal Rodoviária, acusada de realizar operações irregulares no dia das eleições para dificultar o transporte de eleitores em regiões estratégicas.

Para o ministro, esses elementos mostram um plano organizado e persistente que buscava desacreditar as instituições democráticas.

Ressaltou que a tentativa de golpe não foi um fato isolado, mas parte de uma sequência planejada.

Foi categórico ao afirmar que “o que está em debate é a autoria, porque não há dúvida de que houve uma tentativa de golpe de Estado e uma organização criminosa que causou danos ao patrimônio público”.

O tribunal superior agendou sessões até sexta-feira para que os demais ministros apresentem seus votos. Espera-se que o desfecho defina a responsabilidade criminal de Bolsonaro e de seus sete aliados no núcleo central da conspiração violenta.

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