A denúncia apresentada pela Procuradoria Geral acusa Bolsonaro de liderar uma trama ilegal destinada a impedir a posse do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições gerais de 2022, consolidando-o como principal beneficiário da tentativa de ruptura institucional.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu em defesa de Bolsonaro, classificando o processo como uma “caça às bruxas” e usando-o como argumento para justificar o aumento de 50% nas tarifas sobre produtos nacionais.
O governo brasileiro teme que uma eventual condenação de Bolsonaro possa aprofundar ainda mais as represálias econômicas e políticas.
Uma das principais preocupações do Executivo é a possível ampliação das sanções impostas a figuras-chave do STF.
O juiz Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, já foi incluído na lista de sanções da chamada Lei Magnitsky em julho, acusado por Washington de graves violações dos direitos humanos.
As sanções afetam não apenas De Moraes, mas também sua família e colaboradores, com revogação de vistos e congelamento de ativos financeiros.
Tal situação se agravou com declarações do senador Marco Rubio, que afirmou que as ações do juiz transcendem as fronteiras brasileiras, afetando os direitos dos cidadãos americanos.
O Departamento de Estado também revogou os vistos de familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em retaliação ao seu papel no programa Mais Médicos, ligado ao envio de profissionais cubanos ao Brasil durante o governo de Dilma Rousseff.
Lula afirmou que, embora não tenha pressa em aplicar medidas de reciprocidade, o assunto já está sendo tratado em instâncias oficiais.
A Câmara de Comércio Exterior (Camex) iniciou consultas para uma possível resposta, que poderia incluir medidas sobre propriedade intelectual, como a suspensão de patentes e novos impostos sobre plataformas digitais norte-americanas.
Por sua vez, o vice-presidente Geraldo Alckmin defendeu a ativação da Lei de Reciprocidade Econômica como um instrumento legítimo de pressão.
No entanto, o setor industrial defende o diálogo. A Confederação Nacional da Indústria pediu cautela e a continuação das negociações para evitar impactos negativos maiores.
As tensões entre o Brasil e os Estados Unidos podem marcar um novo capítulo nas relações bilaterais, em que os interesses judiciais, comerciais e diplomáticos se entrelaçam em um equilíbrio delicado.
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