Durante a sessão de abertura do evento, a Diretora-Geral da UNESCO, Audrey Azoulay, afirmou que nenhum ator, sozinho, será capaz de suprir todas as lacunas existentes nessa área, e é por isso, afirmou, que estamos reunidos em Santiago.

As causas são múltiplas: salários insuficientes, envelhecimento do corpo docente e um aumento massivo no número de alunos sem um crescimento equivalente no número de profissionais, afirmou a chefe da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Segundo dados da organização, são necessários US$ 120 bilhões para cobrir os salários de 44 milhões de professores até 2030, em um contexto em que a persistência de conflitos ao redor do mundo está desviando recursos que deveriam ser dedicados à educação.

Azoulay também mencionou os efeitos das mudanças climáticas, que resultam na perda de uma média de 1,5 ano de escolaridade, além das revoluções digitais que estão transformando profundamente a profissão docente.

A pandemia da COVID-19 nos ensinou que a tecnologia não substitui os professores e deve ser um complemento, fato que se agrava hoje com a aceleração da inteligência artificial e dos novos modelos de linguagem, acrescentou.

Por sua vez, a Subsecretária-Geral da ONU, Amina Mohamed, enfatizou a pertinência do encontro no Chile, país de nascimento de Gabriela Mistral, que começou a lecionar com apenas 15 anos e foi a primeira ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura da América Latina.

“Mistral entendeu o que estamos discutindo hoje: que os professores são os catalisadores do potencial humano”, observou.

Mohamed lembrou que o ensino é uma profissão dominada por mulheres, que educam os filhos dos outros e, ao mesmo tempo, assumem a maior parte dos cuidados em casa, e que muitos professores talentosos precisam interromper suas carreiras para cuidar de suas famílias. O presidente chileno, Gabriel Boric, especificou que a Cúpula discute políticas públicas de longo prazo para o mundo, mas estas são implementadas em um local específico, diante de crianças específicas, com professores da vida real, que, enfatizou, não podem ser perdidos de vista.

Os verdadeiros professores são aqueles que dão asas às crianças, e é por isso que, quando não fazemos o suficiente pela educação, estamos limitando o futuro de toda a humanidade, afirmou o presidente.

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