De acordo com estimativas do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, cerca de três milhões de sírios podem enfrentar fome severa, enquanto mais da metade da população, estimada em 25,6 milhões, já sofre de insegurança alimentar.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) informou que o déficit de trigo atingiu 2,73 milhões de toneladas métricas este ano, o suficiente para cobrir as necessidades anuais de 16 milhões de pessoas.

Apesar da magnitude do desafio, o novo governo liderado pelo presidente Ahmed Al-Shara ainda não finalizou acordos de importação em larga escala.

Até o momento, nesta temporada, foram adquiridas apenas 373 mil toneladas de produtores locais, metade do que foi colhido no ciclo anterior. O país precisa importar pelo menos 2 milhões 055 mil toneladas para compensar a queda na produção.

Damasco tem contado com pequenos embarques de no máximo 200 mil toneladas por meio de contratos privados, além da ajuda pontual de 220 mil toneladas do Iraque e 500 toneladas de farinha fornecidas pela Ucrânia.

Metade da população corre o risco de sofrer os efeitos da seca, especialmente devido à menor disponibilidade de pão, um alimento vital em tempos de crise, alertou o representante da FAO na Síria, Tony Ettel.

De acordo com dados oficiais, a produção nacional de trigo não ultrapassará 1,2 milhão de toneladas em 2025, em comparação com os 4 milhões alcançados nos anos anteriores a 2011, antes da guerra.

Para incentivar a venda da safra nacional, o governo aumentou o preço de compra para US$ 450 por tonelada. No entanto, agricultores nas províncias de Homs e Hasakeh descrevem a atual safra como “a pior da história”, já que muitos deles perderam completamente suas plantações ou tiveram que usá-las para alimentação animal.

A crise coincide com a suspensão das sanções unilaterais dos EUA contra a Síria em maio passado, uma decisão anunciada pelo presidente Donald Trump.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, as importações de trigo da Síria podem chegar a 2,15 milhões de toneladas na safra 2025-2026, 53% a mais que na temporada anterior.

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